Por Ricardo Mendonça – Valor Econômico
SÃO PAULO - Em depoimento prestado ontem ao juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, o ex-diretor presidente da Sete Brasil João Carlos Ferraz, réu e delator na Operação Lava-Jato, confirmou que dividia propina cobrada de estaleiros contratados pela empresa com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e com os também ex-diretores da Sete Pedro Barusco e Eduardo Musa.
Segundo Ferraz, a propina total correspondia 0,9% dos contratos firmados pela Sete com os estaleiros, como Jurong, Keppel Fels e Atlântico Sul.
Dois terços do dinheiro, disse, era para o PT, pago via Vaccari. O restante era dividido entre o que eles chamavam de "Casa 1" (diretoria da Petrobras, via Duque) e "Casa 2" (ele, Barusco e Musa).
O depoimento coincide com informações dadas por Barusco e Musa, que também são delatores.
Ferraz, que trabalhou na Sete de maio de 2011 a abril de 2014, afirmou que esse esquema foi arquitetado e implementado por Barusco e que ele, como presidente, deu continuidade, sem, no entanto, negociar com os estaleiros.
Ele não soube precisar, mas calcula que recebeu entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões do esquema num banco na Suíça, valores, disse, depositados por um representante do Jurong.
O ex-presidente da Sete afirmou ainda que num determinado momento, durante um jantar em que se reuniu com Barusco, Vaccari e Duque, ele foi pressionado a implementar um esquema semelhante para recolhimento de propina junto às empresas parceiras da Sete na operação de sondas, mas recusou o pedido.
Ferraz disse que não conheceu o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura. Segundo o Ministério Público Federal, Santana e Moura receberam do lobista Zwi Skornicki parte da propina do esquema que era paga pelo estaleiro Keppel Fels.
Vaccari, Duque, Santana e Moura sempre negaram as acusações.
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