- O Globo
• Ex-presidente criticou fatiamento de impeachment de Dilma no Senado
“O compromisso do PSDB não é com a pessoa do Michel Temer, é com a situação do Brasil” Fernando Henrique Cardoso -Ex-presidente da República
-SÃO PAULO- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse, em entrevista publicada ontem, que o presidente Michel Temer tem uma “chance histórica” de conduzir bem o país, desde que cumpra o que vem dizendo e não se candidate à reeleição:
— Eu acho que o Michel Temer tem noção de que foilhe dada uma chance histórica. Não creio que ele vá ser mordido pela mosca azul. Vão tentar mordê-lo. A entourage sempre quer que o presidente se reeleja e, se possível, permaneça. Acho que o Michel tem maturidade suficiente para escapar dessa armadilha — afirmou, ao portal UOL.
“Grandeza é ser firme”
FH afirmou, ainda, que Temer deveria ter enfrentado os servidores:
— É impopular. Mas a grandeza no momento atual não vai derivar de ser popular. Vai derivar de ser firme — e completou o ex-presidente:
— O compromisso do PSDB não é com a pessoa do Michel Temer, é com a situação do Brasil.
O ex-presidente foi confrontado com frase registrada em 1996 em seu livro de memórias, quando escreveu estar à frente de um país “onde a modernização se faz com a podridão, a velharia e o tradicionalismo o qual, na verdade, ainda pesa muitíssimo”.
— PSDB e PT tinham um certo frescor, uma coisa de vanguarda. Hoje não lhe parece que também esses dois partidos, inclusive o vosso, integram a velharia? — perguntou o portal UOL ao expresidente.
— Me parece (...) Você quer melhorar, avançar, ser progressista. Mas você precisa de partido que existe. E o que existe na maior parte é isso. Por isso, é necessário a liderança. Infelizmente, não fomos capazes de superar esses entraves enormes, que chamo de atraso. Não é direita e esquerda, é cultural. São pessoas que querem tirar proveito do Estado — disse FH.
FH criticou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski por terem dividido em duas partes a votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), o que permitiu à ex-presidente ter os direitos políticos preservados.
— Acho que a obrigação número um do senador é ser a favor da Constituição. Você pode até, na alma, dizer: ‘Ah, meu Deus, que pena!’ Eu, por exemplo, tenho muita dificuldade, mesmo quando escrevo, quando critico, com relação à presidente Dilma. Eu procuro ser uma pessoa que a considera. Mas isso é uma coisa no plano pessoal. Outra coisa é você como senador — disse FH.
O ex-presidente disse considerar que a decisão de Lewandowski se situa no “absurdo”:
— Vamos falar português claro: o presidente do Supremo Tribunal Federal tomou a decisão e não podia ter tomado essa decisão — disse.
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