• Ex-ministro diz que este será o desafio do governo para reforma da Previdência passar
Henrique Gomes Batista - O Globo
WASHINGTON - O ex-ministro Nelson Jobim disse que o presidente Michel Temer precisa “mudar a cabeça” do Congresso e do governo para aprovar a reforma da Previdência. Jobim — peemedebista histórico que comandou as pastas da Justiça e da Defesa nos governos Lula e Dilma e foi indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — afirmou que o país ainda vive a ressaca do impeachment, mas se mostrou otimista.
— (A questão da Previdência) É um problema que não vai se resolver no curto prazo, tem que ser enfrentado e é preciso que o governo do Michel mude a cabeça. Mude a cabeça do parlamentar, que é a cabeça do acordo, a cabeça de conciliação de interesses. E, no governo, a cabeça de romper determinados interesses — disse Jobim, após discursar no 20º Congresso Anual do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), em Washington.
Para Jobim, é “normal” esta fase de protestos contra o impeachment, que chamou de “catarse”. Questionado sobre as manifestações e a ameaça do PSDB de sair do governo, ele minimizou os problemas:
— Isso o tempo resolve. Lembra-se que todos esperavam que as Olimpíadas seriam um desastre, e não foi. Essas coisas vão acontecer, é a ressaca do momento do impeachment, haverá a catarse, que são estes movimentos todos, mas depois tudo isso se ajeita.
Jobim contesta tese de golpe
Jobim afirmou que a tese de golpe só tem funcionado entre “cientistas políticos”, mas que, na verdade, os governos dos outros países estão animados com a troca do poder em Brasília — apesar de ainda existir um pouco de desconhecimento sobre o impeachment. Disse que o governo Temer tende a ser mais pragmático em suas relações externas, retomando uma boa relação com os Estados Unidos, que “foi deixado de lado” no governo de Dilma.
— Há um desconhecimento do procedimento (do impeachment no exterior). E creio que, durante este período, ainda há uma repercussão sobre a versão golpista, que seria golpe. Mas o tempo resolve.
Para Jobim, o governo Temer começa a “respirar” na economia e não deverá sofrer com a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara e ainda influente no partido do presidente Temer. Ele disse acreditar que não há crise no STF devido a recentes episódios de polêmica entre ministros e as investigações da Operação Lava-jato.
Questionado sobre se está otimista com o novo governo, respondeu:
— Temos que ser (otimistas). O Brasil precisa ir para frente. O que é fundamental neste governo é não termos retaliações com o passado, mas sim um entendimento para construir o futuro.
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