• Manifestação de apoio do governo de Obama a Michel Temer é a mais contundente desde o afastamento de Dilma
Cláudia Trevisan - O Estado de S. Paulo
/ WASHINGTON - O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ontem que a transição de poder no Brasil seguiu a Constituição e os procedimento legais estabelecidos e afirmou que seu governo vai trabalhar “de perto” com a administração do presidente Michel Temer. “O Brasil é e continuará a ser um dos parceiros mais próximos dos Estados Unidos na região, porque, entre democracias, as parcerias não são baseadas nas relações entre dois líderes, mas são baseadas no duradouro relacionamento entre os dois povos.”
A declaração foi a mais contundente manifestação de apoio ao impeachment e a Temer de um integrante do governo Barack Obama desde o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, há uma semana. Biden era uma das pessoas mais próximas da petista na gestão americana e representou seu país na posse da presidente cassada no ano passado.
“Os Estados Unidos continuarão a trabalhar de perto com o presidente Temer, enquanto o governo do Brasil enfrenta desafios urgentes”, declarou Biden em discurso sobre a relação dos EUA com a América Latina na reunião anual do Banco de Desenvolvimento da América Latina, em Washington.
Thomas Shannon, subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado, afirmou que a relação com o Brasil é “estratégica” para os Estados Unidos e disse ter confiança de que os dois países continuarão a fortalecer os seus laços.
“Não sou ingênuo em relação às complexidades dos desafios, que vão permanecer. No momento em que nos encontramos aqui hoje, estamos vendo grandes mudanças políticas acontecendo na região”, afirmou Biden. “No Brasil, o povo, seguindo sua Constituição para navegar um momento econômico e político difícil, seguindo os procedimentos estabelecidos para tratar da transição de poder, fez exatamente isso”, disse em discurso durante o evento.
Falando do hemisfério como um todo, Biden afirmou que a corrupção é um “câncer que carcome a política e destroça a trama de qualquer sociedade”. Segundo o vice-presidente, a corrupção promove a desigualdade, ao permitir o desvio de milhões de dólares que poderiam ser destinados à infraestrutura e à educação, por exemplo.
“A corrupção piora os direitos humanos, aumenta a delinquência e todos esses problemas afetam a todos nós”, disse Biden, ao defender o empenho dos países da região no combate a desvios de recursos públicos.
Carta. Na carta em que enviou a Dilma em dezembro para protestar contra o tratamento dado a ele no governo, Temer se queixou do fato de não ter sido convidado para o encontro que a petista teve com Biden no dia de sua posse. No texto, Temer disse que havia construído uma “boa amizade” com o vice-presidente americano
Biden se reuniu com o brasileiro em visita ao País em 2013. Os dois voltaram a se encontrar no Brasil durante a Copa do Mundo, em 2014
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