• Auxiliares do presidente Michel Temer não escondem a preocupação com o conteúdo das conversas gravadas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero
Vera Rosa - O Estado de S. Paulo
O governo avalia que o próximo alvo da crise será o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Nos bastidores do Palácio do Planalto, auxiliares do presidente Michel Temer não escondem a preocupação com o conteúdo das conversas gravadas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero.
Embora Temer tenha dito querer que esses áudios “venham à luz”, na prática existe o receio de que Padilha e o secretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, tenham feito alguma afirmação que possa ser interpretada como “advocacia administrativa” em favor do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
A queda de Geddel está longe de estancar a crise e a apreensão tomou conta do Planalto. A avaliação é a de que o governo aprovará nesta terça-feira, 29, no Senado, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos, mas pode ter dificuldades mais adiante. Com um cenário de incertezas, aliados do governo já veem uma “conspiração” para derrubar Temer e muitos receberam a missão de investigar se há ligação de Calero com a esquerda ou até com o PSDB do senador Aécio Neves.
No depoimento à Polícia Federal, Calero citou Padilha 11 vezes e disse que ele foi o autor da “tese” segundo a qual a Advocacia-Geral da União buscaria uma saída para resolver a queda de braço entre Geddel e o Iphan. O ex-ministro da Cultura mencionou ainda Gustavo Rocha como o autor de uma ligação “determinante” para sua decisão de deixar o governo, pois, de acordo com suas palavras, “demonstrava a insistência do presidente” em fazer com que ele interferisse indevidamente no processo.
No Planalto, o comentário é que atingir Padilha equivale a um tiro de morte na direção de Temer. Chefe da Casa Civil, o ministro é considerado o “capitão do time” e por seu gabinete passam assuntos que vão da votação da PEC do Teto à reforma da Previdência. O lema de Padilha é “meia vitória é melhor do que uma derrota total”. Neste caso, porém, não é possível prever nem sequer o dia seguinte da batalha.
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