• Fatos que impactaram o país ao longo de outras décadas ganham novos personagens e se repetem em 12 meses
Evandro Éboli - O Globo
BRASÍLIA - O ano é 2016, mas pode somar 1984, 1992, 1993, 2005, 2006... Cada um desses anos protagonizou momentos políticos que impactaram a vida nacional: a mobilização de rua das Diretas Já; o impeachment de um presidente da República, Fernando Collor; escândalos de corrupção com citação de dezenas de parlamentares, como Anões do Orçamento e os Sanguessugas; e a queda de um presidente da Câmara dos Deputados. Sozinho, 2016 repetiu todos esses episódios e um pouco mais: repetiu a claudicante economia da segunda metade dos anos 1980, a década perdida da gestão José Sarney
Os 12 meses de 2016 estão vendo esses episódios se repetirem, nesse curto espaço de tempo, e um se sobrepondo ao outro. A presidente Dilma Rousseff sofreu o impeachment; Eduardo Cunha teve de deixar a presidência da Câmara, além de ter seu mandato cassado; a Operação Lava-Jato atingiu em cheio 42 parlamentares, e espera-se que mais de uma centena ainda sejam envolvidos na delação da Odebrecht; os brasileiros foram às ruas manifestar contra e a favor de Dilma Rousseff e de medidas do Congresso; e a economia patina, com PIB em queda e desemprego em alta.
O deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) tem um entendimento peculiar de 2016. Diz que ele não pode ser “injustiçado” e o classifica como o ano da revelação. Miro diz que o país será outro a partir de agora, melhor.
— Esse 2016 não deve ser colocado num museu para visitação. Mas tem que ser um fator de estímulo e de grandes transformações. Veja só, nossa democracia ainda é um desejo. Dos quatro presidentes eleitos pósregime militar, dois deles não completaram seus mandatos. E temos um terceiro (Temer) balançando. Mas as instituições estão funcionando. Daqui para a frente, o Brasil só melhora — afirmou Miro Teixeira.
Para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), 2016 foi um “polo de condensação” de tudo que ocorreu no passado.
— Se é fato que a História se repete como farsa ou tragédia, essa aqui se repetiu como uma tragédia. Juntou tudo em um ano só. Está sendo traumático. Crises políticas, dois impeachments, escândalos de corrupção, caso da pasta rosa, mensalão, o petrolão. Mais a desagregação partidária e a descrença na política. Esse somatório torna 2016 um ano muito pesado. Agora é preciso trabalhar para que 2017 seja portador de mais esperança — disse Chico Alencar.
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