- Folha de S. Paulo
A recuperação econômica será mais lenta e mais sofrida do que se antecipava, e as forças políticas que sustentam o governo Temer estão entrando em colapso com a divulgação das delações premiadas da Odebrecht. O que fazer?
Nada indica que Temer vá renunciar antes de 31 de dezembro, o que levaria a uma eleição direta para presidente. Mesmo que isso ocorresse, os partidos não estão prontos para um pleito dentro de poucos meses. Eles não sabem nem mesmo que nomes poderiam lançar que não corram o risco de ser engolidos por condenações judiciais ou por denúncias capazes de inviabilizar a candidatura.
Uma renúncia de Temer a partir de 2017 ou uma destituição, por impeachment ou pelo TSE, embora não possam ser descartadas, não refrescariam muito as coisas. Qualquer dessas hipóteses levaria a uma eleição indireta feita por um Congresso no qual muitas e muitas dezenas de parlamentares —fala-se em centenas— estão sob suspeita e interessados apenas em salvar a própria pele. Não importa qual fosse o presidente escolhido nessas condições, ele já assumiria tão fraco quanto Temer.
A ideia de fazer passar uma emenda constitucional transformando o pleito indireto em direto pode até ser preferível à alternativa anterior, mas nos levaria de volta à dificuldade descrita no segundo parágrafo.
A grande verdade é que, enquanto os rolos judiciais envolvendo nossos representantes não forem pelo menos equacionados, as engrenagens do sistema político deverão ficar girando em falso, dificultando enormemente o encaminhamento das questões econômicas. Aqui, não é desprezível o risco de a recessão prolongar-se ainda mais, lançando-nos no território da depressão.
Isso nos coloca diante de um problema logístico. O que o Ministério Público e a Justiça podem fazer para dar celeridade aos casos de políticos metidos nessas denúncias todas? Volto ao assunto amanhã.
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