Temer deve nomear Imbassahy, apesar da resistência do centrão
Cristiane Jungblut, Maria Lima, Simone Iglesias - O Globo
-BRASÍLIA- Diante do desgaste causado pelas denúncias da cúpula da Odebrecht envolvendo seu nome e os de líderes do PMDB, o presidente Michel Temer intensificou o processo de reaproximação com os tucanos. Ele se reuniu ontem com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), e o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP). No domingo, já se encontrara com o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
Na reunião de ontem no Palácio do Jaburu, Temer afirmou aos tucanos que está disposto a nomear Imbassahy ministro da Secretaria de Governo. Porém, antes de oficializar a decisão, quer costurar melhor a indicação com os partidos do centrão (PP, PSD, PR, PTB, entre outros) que também são da base aliada.
Para o encontro com os tucanos, Temer adiou por algumas horas sua viagem para São Paulo, onde à noite participou, ao lado do governador Geraldo Alckmin, de um evento no Palácio dos Bandeirantes. A cerimônia foi organizada pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), coordenado pelo prefeito eleito de São Paulo, o tucano João Doria.
No café da manhã com Aécio, Temer discutiu ontem a questão de Imbassahy e a necessidade de se aprovar hoje no Senado a PEC do teto, que estabelece um limite para o crescimento de gastos públicos, além da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017, em sessão conjunta do Congresso.
Segundo dirigentes tucanos e peemedebistas, Temer queria anunciar a nomeação de Imbassahy só em fevereiro, após o recesso e a eleição da Mesa da Câmara, para não afrontar líderes do centrão, que também querem comandar a Casa. Mas, com o agravamento da crise e notícias de que setores do PSDB estariam pregando o desembarque do governo, Temer deve antecipar esse anúncio.
— O Aécio e o Aloysio foram lá hoje para dizer a Temer que não é possível continuar assim, que ele tem que se impor e parar com esse vai-volta. E não é pelo bem do PSDB, é pelo bem do seu governo — disse um dos dirigentes tucanos.
Líderes do PMDB descartam a possibilidade de debandada dos tucanos por causa do episódio Imbassahy e do agravamento da crise causado pela divulgação de delações da Odebrecht.
— Se houver desembarque do PSDB, vamos ter uma revolução de rua no Brasil. Ninguém aguenta mais outras confusões — avalia um dos líderes do PSDB no Congresso, que esteve com Temer no final de semana.
O centrão iniciou ontem um movimento para contestar a intenção do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de tentar se reeleger ao cargo. Ontem à noite, o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), protocolou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa uma consulta sobre a viabilidade da reeleição para um mandato-tampão, caso de Maia.
Mais cedo, Jovair já havia afirmado que entrará com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Maia, caso oficialize sua candidatura. Ontem, galhardetes de campanha de Jovair à presidência da Câmara apareceram em postes da Esplanada dos Ministérios. Ele, assim como outros líderes do centrão, rebelaram-se contra a intenção de Temer de nomear Imbassahy para a Secretaria de Governo.
Na visão de Jovair, isso favoreceria a reeleição de Maia, uma vez que Imbassahy passaria a apoiar o atual presidente da Câmara.
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