Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Citado nas delações premiadas de executivos da Odebrecht, o presidente Michel Temer chamou nesta segunda-feira (12) de "ilegítima" a divulgação por meio de vazamento de investigações criminais e disse que a lentidão em procedimentos investigatórios perturba áreas de interesse do governo federal.
Em requerimento enviado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o peemedebista também pede a celeridade na conclusão de investigações em curso e solicita que as delações premiadas sejam "o quanto antes finalizadas" e divulgadas "por completo".
"A condução dessas e de outras políticas públicas a cargo da União vem sofrendo interferência pela ilegítima divulgação de supostas colaborações premiadas em investigações criminais conduzidas pelo Ministério Público Federal quando ainda não completado e homologado o procedimento de delação", escreveu.
O presidente lembra ainda no documento que o procurador-geral, "em situação análoga" ao caso da delação dos executivos das empreiteira, suspendeu tratativas de colaboração premiada "em prol da higidez do procedimento legal".
"O fracionado ou porventura lento desenrolar de referidos procedimentos pré-processuais, a supostamente envolver múltiplos agentes políticos, funciona como elemento perturbador de uma série de áreas de interesse da União", escreveu.
No final do texto, ao pedir rapidez na conclusão das investigações e na homologação das delações premiadas, o presidente afirma que a celeridade é indispensável para a superação da "situação fática vivenciada pelo país" e que tem trazido prejuízos ao governo federal e à população brasileira.
O envio do documento ocorre no momento em que a cúpula do Palácio do Planalto é atingida pelo acordo de delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.
Ao todo, o presidente foi citado 43 vezes. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, é mencionado 45 vezes e Moreira Franco, secretário de Parceria e Investimentos, 34.
O conteúdo do requerimento enviado ao procurador-geral foi discutido nesta segunda-feira (12) pelo presidente com o ministro Alexandre de Moraes (Justiça), que se reuniu com Rodrigo Janot no final da manhã.
Segundo a Folha apurou, o texto é uma tentativa de Temer de rebater publicamente da delação premiada e de tentar deslegitimar o seu conteúdo diante do vazamento antes da homologação.
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