- O Globo
A Fundação Getúlio Vargas já enxerga uma luz no fim do túnel para o maior drama da economia brasileira. Pelas projeções do Ibre, o desemprego deve começar a cair este ano, porém, antes, vai subir. Sobe no primeiro trimestre, mas cai nos seguintes e chega no quarto trimestre com queda de 500 mil desempregados sobre o mesmo período de 2016. A renda real voltará a crescer.
Há outros estudos mais pessimistas, prevendo que o mercado de trabalho piora muito antes de melhorar. Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) projetou que o número de desempregados chegará a 13,6 milhões este ano e que o Brasil representará um em cada três empregos perdidos no mundo. Pelo IBGE, o país tem 11,9 milhões de desempregados, o que significa que, segundo a OIT, ainda serão fechados mais 1,7 milhão de vagas.
A FGV não é conhecida por ter uma tendência otimista. Pelo contrário. Mesmo assim, tem uma visão mais positiva desse problema.
— Pelos nossos números, 2017 será de recuperação no emprego. Ainda piora no primeiro trimestre, mas chegaremos ao final do ano com menos gente desempregada, com mais gente trabalhando e com uma pequena recuperação na renda real — explicou o economista Bruno Ottoni, do Ibre/FGV.
Será parecido com o que acontecerá com o PIB do país. Na média do ano, os números serão ruins, mas no último trimestre o patamar será melhor do que no quarto trimestre de 2016. O Boletim Focus, por exemplo, espera crescimento em torno de 0,5% em 2017. Mas no quarto tri, as projeções estão na casa de 2%.
— Na média do ano, o desemprego sobe 500 mil. Mas no quarto trimestre, o número será 500 mil menor do que no mesmo período de 2016. Se a comparação for feita entre o primeiro trimestre e o quarto trimestre de 2017, a redução prevista é de 1 milhão de desempregados.
Essa melhora será puxada pelo setor informal, e esse é um ponto negativo, porque significam vagas sem carteira assinada e direitos trabalhistas. Para os dados do Caged, que medem os empregos formais, a FGV ainda estima uma perda de 140 mil postos ao longo do ano. Ainda assim, o número é muito menor que a redução de 1,5 milhão em 2015, e 850 mil de janeiro a novembro do ano passado.
A queda da inflação e dos juros ajuda na recuperação da renda das famílias. Os dois últimos anos foram de retração, com tombo forte de 2,76% em 2016. Para este ano, a FGV estima crescimento de 0,24%, com alta mais intensa, de 1,53%, no quarto trimestre. Os números são todos assim: fracos na média e mais fortes no final do ano.
O economista Armando Castelar, também do Ibre, diz que a recuperação da economia ao longo do ano dependerá da aprovação da reforma da Previdência. Ele considera a reforma “um divisor de águas” para o ano e crucial para a continuidade da queda dos juros.
— As quedas da inflação e dos juros foram dois pontos muito positivos neste início de 2017. O humor melhorou porque isso vai ter impacto sobre a renda das famílias e sobre o custo de rolagem das dívidas das empresas. Mas o que realmente vai decidir será a Previdência. Tem que aprovar um projeto que realmente reduza gastos nessa área — afirmou.
De qualquer maneira, mesmo nas projeções da FGV, que são melhores do que outras do mercado, o desemprego permanece alto. Em 2018, após a queda da taxa, ainda assim serão dez milhões os desempregados no país. Será preciso ter políticas para que haja mais oferta de vagas, após a crise. FGV prevê melhora no mercado de trabalho este ano, com alta da renda e queda do desemprego No quarto trimestre, número de desempregados pode cair 500 mil sobre o mesmo período de 2016 Aprovação da reforma da Previdência é a maior incerteza para o cenário de recuperação
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