Por Raymundo Costa e Daniel Rittner | Valor Econômico
BRASÍLIA - O PMDB não vai fechar questão na reforma da Previdência, em tramitação no Congresso Nacional. Quem afirma é o ministro Wellington Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência da República), confirmado no cargo após duas semanas de queda de braço com a oposição, tendo como palco o Supremo Tribunal Federal. "Não é da nossa prática fechar questão em voto, nunca fizemos isso", disse o ministro, contrariando a expectativa de que o partido subordinasse o voto de suas bancadas para a reforma que é vista como a mais difícil de ser alcançada pelo governo do presidente Michel Temer.
Moreira já despacha no 4º andar do Palácio do Planalto, em um conjunto de salas destinadas ao novo ministério - segundo a oposição, criado apenas para dar foro privilegiado ao ministro, citado em delações premiadas de executivos da Odebrecht. "Citação leviana", rebate. E observa que não há termo de comparação entre sua situação e a do ex-presidente Lula, nomeado para a Casa Civil em situação parecida: "Eu estava no governo, o Lula, não".
Em entrevista ao Valor, a primeira que concedeu após ser confirmado no cargo, o ministro se exaltou ao ouvir uma pergunta sobre se, em nome do combate à crise econômica, o governo estaria tentando amenizar as investigações sobre a corrupção: "Você me respeite [de dedo em riste], essa pergunta é desrespeitosa". Moreira atribui à oposição "sem bandeira" a tentativa de acusar o governo de conspirar contra a Lava-Jato.
O líder do governo no Congresso e presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), falou em "estancar a sangria" e comparou a Lava-Jato à Inquisição, mas, segundo Moreira, ele não fala pelo governo. "Quando soubemos, ficamos surpresos, porque não havia sido feita consulta. Mas ele próprio disse que não falava em nome do governo".
Segundo o ministro, quando a crise passar, o governo terá que enfrentar o tema da regulação do mercado financeiro, que tem de ser modernizada. "Como é que uma economia desse tamanho pode ter tão poucos bancos?" Para ele, o país tem hoje "um grande problema", que é o spread bancário, consequência do excesso de indexação que ainda existe na economia brasileira. Mas a imprensa, disse ele, só fala da taxa Selic.
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