Por Claudia Safatle | Valor Econômico
BRASÍLIA - A pronunciada queda da inflação, de 6,29% em 2016 para 3,8% neste ano, abaixo da meta de 4,5% segundo projeções do Banco Central, encorajou o presidente do BC, Ilan Goldfajn, a assegurar: "Quebramos a espinha dorsal da inflação". Ele conversou ontem com o Valor, após a divulgação do relatório trimestral de inflação com as novas projeções para o IPCA.
No fim do terceiro trimestre, a inflação deve cair para 2,9% em 12 meses. O BC, porém, avalia que haverá, no último trimestre do ano, recuperação nos preços de alimentos, os grandes responsáveis pela rápida desinflação. Não espera, portanto, que se reproduza, entre outubro e dezembro, os baixos índices registrados em igual período de 2016, quando o IPCA foi de 0,74%.
Após cinco semanas da hecatombe produzida pela delação do empresário Joesley Batista, da JBS, no dia 17 de maio, que atingiram duramente a Presidência da República, Ilan avalia que as consequências da crise política podem não ser inflacionárias nem desinflacionárias, mas neutras, levando ao cenário que o Comitê de Política Monetária (Copom) concebia até aquela data.
Da Suíça, onde está, Ilan acompanhou a queda dos juros futuros no Brasil após a divulgação do relatório de inflação. Isso significa, disse, que a maioria prevê redução de 1 ponto percentual na Selic, para 9,25% ao ano, na reunião do Copom, dias 25 e 26 de julho, e não mais corte de 0,75 ponto percentual.
Ele não conta com a hipótese de a inflação ficar abaixo de 3% neste ano - que é o piso do intervalo de tolerância dentro do qual pode variar a taxa de inflação e, quando rompido, obriga o BC a se explicar em carta aberta ao ministro da Fazenda. "Isso não faz parte das nossas projeções", disse. Entre setembro de 2016 e maio deste ano, a inflação ficou 1,68 ponto percentual abaixo das projeções mensais dos relatórios de inflação. "Foi uma surpresa positiva" para todos, inclusive para o mercado, observou.
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