- Folha de S. Paulo
Está um turumbamba a votação da segunda denúncia contra Michel Temer. Faz semanas, o presidente da República e companhia, do PMDB, arrumam confusões com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM.
Qual o motivo e o sentido disso? Gente do governo diz que se trata mais de espumas poluídas e "brigas domésticas" do que risco de rompimento real. Não haveria no Congresso nenhuma movimentação para a eventualidade de Temer cair da cadeira. Isto é, um plano de sucessão.
No entanto, nem o pessoal do Planalto dá por enquanto de barato que a cabeça de Michel Temer vá ficar no lugar, embora acreditem que o trabalho de aquisição de apoios esteja adiantado, entre outros indícios de sucesso da empreitada. Mais que isso, sabem que Temer vai precisar de Maia no resto de vida útil do governo, que vai até o fim do ano. Depois, é férias no Congresso, Carnaval e o começo informal da campanha eleitoral.
Temer precisa de Maia para aprovar o remendo das contas públicas, coisas como o pequeno aumento de impostos sobre a finança e da contribuição de servidores para a Previdência, como o adiamento de reajustes do funcionalismo etc.
Sem isso, mais partes do governo vão engripar, daqui a 2019.
De resto, a penúria diminuiria ainda mais o poder de influência de Temer e do governo na eleição. Mais que um problema político, pode ser caso de polícia. Governistas e aliados ao relento, derrotados na eleição, correm mais risco de cadeia. Cada dinheirinho para ambulância ou construção de quadra de futebol pode ajudar a salvar uma cabeça. É uma conversa ainda mais comum e importante no Congresso nestes dias.
Temer precisa também honrar compromissos com seus patrocinadores, a coalizão pelas reformas, o que parece uma conversa etérea, imaterial, dado o nível a que baixou a politicalha do Congresso.
Afinal, o governo Temer, seu programa econômico e seus economistas não estão aí por acaso e não apenas para limar a Lava Jato.
Evitar o desabamento da Ponte para o Futuro significa manter uma ponte com a parte da elite preocupada de fato com reformas liberais e, portanto, manter apoios importantes nas negociações de candidaturas e acordos políticos para montar os governos que começam em 2019.
Também não se trata de conversa mole aqui. As discussões sobre o lançamento e a viabilidade de candidaturas que possam continuar o programa liberal já são intensas, até porque há imensa desordem no sistema político e incógnitas demais (sendo o destino de Lula a maior delas).
As conversas sobre Luciano Huck candidato não são brincadeira nem para políticos nem para parte da elite econômica à procura de um líder para suas reformas, ainda mais depois de certo desencanto com João Doria. Doria, no entanto, ainda está muito no jogo. Também não se fecha a porta para qualquer "outro" que seja capaz de bater Lula e manter o programa reformista.
Temer e o PMDB querem estar nesse jogo de definição de candidaturas, óbvio. Maia já está jogando e tem o poder de baixar o valor das cartas do presidente. A mão de Temer ficará tanto mais fraca quando mais cedo terminar seu governo. O que depende de Maia
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