Marsílea Gombata | Valor Econômico
SANTIAGO - O segundo turno da eleição presidencial, entre o ex-presidente Sebastián Piñera, de direita, e o candidato governista Alejandro Guillier, de centro-esquerda, é o mais disputado desde a redemocratização no Chile. "Até mesmo em 1999 a vitória de Ricardo Lagos contra Joaquín Lavín era mais provável. Esta é disputa mais apertada desde 1990", diz Patricio Navia, da Universidade de Nova York.
Em 1999, o ex-presidente Ricardo Lagos venceu com 47,96% dos votos, contra 47,51% de Lavín.
Pesquisas de intenção de voto indicam empate técnico. Mas a legislação eleitoral do Chile proíbe a divulgação de pesquisas duas semanas antes da votação. Assim, a pesquisa Cadem, feita de 29 de novembro a 1 de dezembro, mostrava Piñera com 40% das intenções de voto, e Guillier com 38,6%. Entre votantes prováveis (o voto não é obrigatório), Piñera tinha 46,1%, e Guillier, 43,6%. A margem de erro é de 2,6 pontos percentuais.
Na pesquisa da Criteria Research, feita entre 22 e 28 de novembro, Piñera aparece com 51%, e Guillier, com 46%. A margem de erro é de 3,7 pontos percentuais.
Um fator importante no segundo turno é para quem irão os votos dados no primeiro turno à Frente Ampla, coligação de esquerda que se tornou a terceira força política. No primeiro turno, Piñera teve 36,6% dos votos, Guillier, 22,6%, e Beatriz Sánchez, da Frente Ampla, com surpreendentes 20,2%.
Apesar de ter deixado os seus eleitores da Frente Ampla "livres" para escolher em quem votar, a candidata esquerdista declarou voto em Guillier neste domingo.
Não está claro se Guillier contemplará parte da agenda da Frente Ampla se vencer. A coligação quer educação gratuita e o fim da Previdência baseada no sistema de capitalização individual administrada pelas AFPs privadas. Também pede o perdão das dívidas de estudantes universitários.
Piñera tampouco deixou claro se incorporará a agenda de José Antonio Kast, outro candidato de direita que ficou em quarto lugar no primeiro turno e agora o apoia. Kast, que obteve 7,93% dos votos, quer, entre outras coisas, a revogação da lei que permite o aborto em alguns casos, aprovada em agosto.
Leonardo Suarez, da consultoria LarrainVial, não crê que o Chile verá mudanças bruscas nos próximos anos. "Piñera não terá espaço, por exemplo, para reduzir a carga tributária das empresas. Nem Guillier conseguirá fazer grandes reformas. Nenhum dos dois tem maioria no Congresso."
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