Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), reiterou ontem sua pré-candidatura à Presidência da República, depois de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso colocar em xeque sua viabilidade eleitoral e sugerir o apoio dos tucanos a um outro nome do centro para 2018.
Alckmin afirmou que assumiu a presidência nacional do PSDB por sugestão de Fernando Henrique e disse "ter certeza" de que irá "trabalhar junto" com o ex-presidente para consolidar sua pré-candidatura presidencial. "Estou preparado para essa labuta", afirmou o governador, em entrevista ao Canal Rural ontem, divulgada pela assessoria de imprensa do governo de São Paulo.
A afirmação de Alckmin foi uma resposta a FHC, que em entrevista publicada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo" disse que o governador precisa provar que pode organizar e liderar esse campo político. O ex-presidente afirmou ainda que o candidato tem de empolgar o eleitorado e deve ser identificado pelo povo como alguém capaz de suprir suas carências. "Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos, tem que apoiar essa pessoa", disse FHC.
O governador desconversou sobre as declarações do presidente de honra do PSDB e afirmou que os acordos partidários devem ser realizados no meio deste ano e não agora. "Ninguém falará em janeiro que não tem candidato", afirmou.
Entre as eventuais pré-candidaturas do centro estão a do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Em desvantagem nas pesquisas, Alckmin criticou os líderes das sondagens e disse que tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) não têm chances de vencer a eleição presidencial. "Esses extremos são um olhar para trás. É recall", disse. O tucano tem 8% das intenções de voto e aparece em terceiro lugar, segundo pesquisa Datafolha realizada em 29 e 30 de novembro.
O pré-candidato defendeu o agronegócio e disse que o setor "é o mais importante" e "é a alavanca de tudo". Em um agrado aos empresários do agronegócio, Alckmin anunciou que vai vetar a "segunda sem carne", aprovada na semana passada pela Assembleia Legislativa de São Paulo, e disse que não hesitará em defender demandas do setor.
O governador classificou o projeto de lei "equivocado", disse que é inconstitucional e afirmou que existe um "modismo" no país de "excesso de intervencionismo do Estado. "É mais um intervencionismo do Estado, subestimando a capacidade de julgamento, de decisão das pessoas. O modismo que a gente vê hoje em muitos lugares e no Brasil: excesso de intervenção do Estado", disse.
A proposta, de autoria do deputado estadual Feliciano Filho (PSC), proíbe o fornecimento de carne e derivados, às segundas-feiras, na rede pública escolar, em penitenciárias, restaurantes, lanchonetes, bares, refeitórios e estabelecimentos similares que exerçam suas atividades nos órgãos públicos do Estado de São Paulo. O projeto obriga esses estabelecimentos a terem um cardápio vegetariano nos demais dias da semana, fixado em local visível.
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