Governador de São Paulo afirma que política brasileira precisa de 'construtores' um dia após FHC elogiar Luciano Huck
Renan Truffi / O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Um dia após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmar que uma eventual candidatura do apresentador de TV Luciano Huck seria "bom para o País", o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta quarta-feira, 7, que a política brasileira precisa de "construtores, não gladiadores", em evento realizado em Brasília.
"A crise de representatividade é geral, não é só nossa. Veja o caso do Reino Unido, da Espanha", disse antes de falar de seu perfil. "Não sou um showman. Me apelidaram de picolé de chuchu. Quem quiser ver show, vá ver o gênio do Tom Cavalcante. Precisamos resolver problemas. O Brasil precisa de construtores, não gladiadores."
O tucano discursou em um evento com empresários da construção civil. Em clima de campanha, ele fez promessas na área tributária, política e de segurança pública. Mas o principal ponto de sua fala foram as reformas. Na terça-feira, 6, o governador se encontrou com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), no Senado, e ouviu do ex-presidente do partido que o paulista precisa "radicalizar" no discurso reformista. Nesta quarta, Alckmin afirmou que as eleições de 2018 darão "legitimidade" para medidas reformistas e disse que o próximo presidente precisa aproveitar os primeiros seis meses de governo para implantar essas medidas.
"Claro que não é fácil fazer reformas no último ano de governo. As grandes reformas constitucionais, você tem que fazer no primeiro ano, porque quem for eleito vai ter quase 70 milhões de votos. A legitimidade disso é impressionante. Quem for eleito tem que aproveitar os primeiros seis meses para fazer todas as reformas para poder deslanchar", disse.
Alckmin começou o discurso justamente falando da reforma da Previdência e recebeu aplausos dos empresários. "Todo empenho na reforma (da Previdência) agora. Mesmo que não seja o ideal, mas é necessário e importante", afirmou.
O governador de São Paulo também voltou a criticar a proliferação de partidos para justificar a necessidade de uma nova reforma política após as eleições. "O Brasil vive uma situação absurda. Não é crível ter 35 partidos".
Em segurança, ele comparou os números de São Paulo com os de outros Estados e falou sobre a diferença entre a política fiscal paulista e a federal.
O tucano incluiu ainda questões sociais em seu discurso. "O Brasil é profundamente desigual, um dos mais injustos do mundo. É injusto na maneira como arrecada e como gasta os recursos", disse, antes de defender que o País deixe de tributar o saneamento básico. "Saneamento básico é social. Temos uma contradição: nós tributamos água e esgoto. Governo é escolha, nós não vamos fazer mágica, mas vamos tributar outro setor e desonerar o saneamento básico", disse.
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