- Folha de S. Paulo
Presidente quer alguém que advogue seu legado, mas só Temer defenderá Temer
Palacianos não se cansam de dizer que o candidato governista à Presidência da República terá necessariamente que defender o legado da gestão de Michel Temer.
Se essa qualidade for realmente imprescindível, só há um nome de fato apto para a missão: Michel Temer.
Nos Estados Unidos usa-se a expressão "pato manco" para ilustrar a perda de poder de presidentes em fim de mandato. Temer poderia dar cambalhotas nos jardins do Jaburu se fosse apenas um pato manco.
Popularidade mínima, empatia idem, suspeitas de corrupção, amigos enclausurados no "vale dos leprosos" —como apelidou seu ex-ministro Geddel Vieira Lima— e o iminente enterro da reforma da Previdênciasão alguns de seus problemas.
A situação está mais para pato esturricado, esquecido no forno.
Por menos que isso Fernando Henrique Cardoso foi varrido tapete abaixo pelos candidatos tucanos nas campanhas de 2002 e 2006.
Quem imagina Rodrigo Maia (DEM) ou Geraldo Alckmin (PSDB) defendendo o legado de Temer no calor da campanha? Henrique Meirelles (PSD), seu ministro da Fazenda, louvou a política econômica no programa partidário em que tentou fazer sua pré-candidatura decolar, mas em nenhum dos dez minutos da peça ouviu-se o vocábulo "Temer".
Daí fazer todo o sentido a informação, publicada pela coluna "Painel", de que o presidente avalia não ter nada a perder se tentar a reeleição.
O seu problema é que não jogará para ganhar. Será candidato a não fazer tão feio quanto Ulysses Guimarães em 1989 (7º lugar) e Orestes Quércia em 1994 (4º), os últimos do MDB a tentar a Presidência no voto.
Páreo duro. No cenário em que teve o nome testado pelo Datafolha, Temer ficou na 11º posição da lista (1% das intenções de voto).
Os números e a realidade mostram que ele será, sobretudo, candidato a recauchutar a chamuscada imagem. Tarefa que tem, publicamente, prometido se empenhar. Nada a perder.
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