Graziella Valenti | Valor Econômico
SÃO PAULO - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou no ar e só aumentou as expectativas sobre um possível lançamento de sua candidatura à Presidência na eleição deste ano, ao falar ontem à tarde para uma plateia de cerca de 2.000 empresários, executivos e investidores nacionais e internacionais, em evento do BTG Pactual. Coube a ele fazer o encerramento de uma jornada de dois dias de conferências.
Rodrigo Maia terminou sua participação, na qual defendeu ideais de maior liberalização da economia e segurança jurídica para investimentos, aplaudido de pé.
Quando questionado pela jornalista Natuza Nery, numa espécie de "talk show" para os participantes, se seria candidato, respondeu: "Não posso dizer nem que sim, nem que não", conforme o Valor apurou com participantes do evento. Então, após ele ter emendado à resposta dados sobre pesquisas eleitorais e sobre tempo de campanha na TV dos partidos, ela replicou: "Mas o senhor não é candidato e está com todas as pesquisas de intenção na ponta da língua". Ele apenas consentiu: "É, né?!". Deu risada e levou a espectadores a rir com ele.
Sobre compor uma chapa como vice-presidente, mais uma vez provocou o riso: "Vice eu já sou. Dá muito trabalho", falou referindo-se ao fato de a Presidência ser ocupada por Michel Temer (PMDB), vice-presidente de Dilma Rousseff. A circunstância o torna vice de Temer.
Mesmo sem admitir participar da corrida para Presidência, Maia já espetou o eventual futuro rival: "Bolsonaro não é viável porque não é agregador. Tem que saber dialogar", disse referindo-se ao deputado federal e pré-canditato do PSC, que havia falado à mesma plateia na terça-feira.
O tema de uma eventual participação de Maia na campanha à presidente tornou-se mais recorrente a partir do fim do ano passado. E o posicionamento do deputado tem, pouco a pouco, aumentado o tom. Em dezembro, dirigentes do DEM, no Ceará, o receberam com uma faixa "presidente", já com objetivo de fomentar essa possibilidade. Em discurso em palanque, na ocasião, um deputado chegou a falar que Maia era uma alternativa para unificação do país, conforme relatou o jornal "O Estado de S. Paulo". Na ocasião, agradeceu os correligionários, mas afirmou a jornalistas que seu objetivo era fortalecer um projeto para o país e que seria candidato à deputado federal. Contudo, defendeu, no mesmo evento, o partido tivesse um candidato próprio.
No começo deste ano, quase um mês após esse episódio, foi mais aberto. Maia não fugiu das questões. Ao contrário. Resultado é que já existem chegou a ver especulações a respeito de um lançamento de seu nome em uma convenção nacional do DEM.
Se disputar a Presidência, será apenas a segunda vez que Maia concorrerá para um cargo executivo. Em 2012, ele concorreu à prefeitura do Rio e teve 3% dos votos válidos (95.328 votos). O deputado é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal originados a partir de delações de executivos da Odebrecht. Ambos ainda estão em tramitação.
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