Pré-candidatos deste ano parecem mais propensos ao debate de temas econômicos espinhosos
Embora o início oficial da campanha esteja distante, os pré-candidatos declarados à Presidência já deixam transparecer algumas de suas ideias para o país.
São compelidos a tanto pela demanda da sociedade por clareza de propostas —sem dúvida mais palpável hoje, depois do estelionato eleitoral de 2014 e das crises política e econômica dele derivadas.
A grande dispersão de intenções de votos entre vários postulantes que disputam um lugar no segundo turno, ademais, em tese favorece um debate mais franco, na comparação com os últimos pleitos.
Quatro pré-candidatos assumidos que marcam mais de 5% nas pesquisas —Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB)— têm se manifestado, ainda que superficialmente em alguns casos, sobre temas econômicos essenciais.
De modo similar, o bom desempenho de Joaquim Barbosa (PSB) no último Datafolha já o leva a ser ouvido sobre grandes questões nacionais, ainda que não tenha declarado seu propósito de concorrer.
Do que foi falado até agora por esse grupo, é possível distinguir um consenso essencial —a atual situação do país demanda reformas das funções do Estado e do gasto público. Pode parecer pouco, mas trata-se de um avanço após o marketing enganoso da última disputa.
Quanto à Previdência, há razoável entendimento de que se está diante de um problema a ser enfrentado logo. A divergência parece centrar-se na amplitude e nos prazos das mudanças.
No campo tributário, item crucial da agenda em prol da retomada econômica, nota-se alinhamento em favor da redução de impostos que oneram a produção e da busca por taxação mais progressiva.
É notável que Ciro, Marina e Alckmin, de própria voz ou por meio de assessores diretos, mencionem a mesma proposta para a criação de um imposto único sobre valor agregado —formulada pelo Centro de Cidadania Fiscal.
Existem, decerto, nuances de ordem ideológica e programática. Alckmin defende um ajuste orçamentário rápido, privatizações e abertura comercial; Barbosa também aparenta se posicionar a favor da redução da atuação empresarial do Estado; Bolsonaro tenta obter credenciais liberais por meio de sua assessoria econômica.
Marina permanece um tanto ambígua, como já se disse aqui, enquanto Ciro advoga a ação do poder público para o estímulo de setores vistos como estratégicos.
A variedade de plataformas e pontos de vista é bem-vinda em qualquer democracia. Ainda está por ser verificada a qualidade do debate eleitoral deste ano, mas os primeiros sinais permitem alguma esperança de melhora.
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