- O Estado de S.Paulo
‘Tudo está dando certo. As pesquisas indicam uma boa aceitação do meu nome’
O PSB é hoje um partido marcado pela ansiedade. Quer definir logo, no máximo até o dia 15, a data para anunciar a candidatura do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa à Presidência da República. O partido vê no ministro aposentado potencial tão grande quanto o que via em Eduardo Campos na eleição de 2014. Campos seria o novo, o diferencial da polarização PT/PSDB que se repetiu com as candidaturas de Dilma Rousseff e Aécio Neves. Mas Eduardo Campos morreu num acidente aéreo cinco dias antes do início da propaganda no rádio e na televisão.
Agora, com Joaquim Barbosa, o PSB aposta que tem outro nome para apresentar ao eleitor brasileiro que pode ser qualificado como o novo, como o foi Campos. Mas Barbosa, com seu jeitão mineiro e arisco, suas dificuldades de lidar com uma massa afoita de militantes, como são as massas nas campanhas eleitorais, e com os meios de comunicação e as perguntas inconvenientes de seus repórteres, pede calma e tempo. Aos jornalistas, disse que ainda não conseguiu convencer a si mesmo de que deve ser candidato a presidente da República. À ansiosa direção do PSB, disse que tudo está caminhando e que tudo se resolverá a seu tempo e na sua hora.
No encontro reservado que teve com os dirigentes, governadores, deputados e senadores do PSB, anteontem, em Brasília, Joaquim Barbosa virou-se para o presidente da legenda, Carlos Siqueira, e comentou: “Vamos pôr a ansiedade de lado. Vamos devagar. Tudo está dando certo. As pesquisas indicam uma boa aceitação do meu nome. O que queremos mais? Em time que está ganhando não se mexe. Então, vamos tocando”.
Ao PSB, Joaquim Barbosa disse que ainda não pode se dedicar full time à política, que tem compromissos no exterior em maio, que precisa acertar as coisas em seus escritórios de advocacia e que vários de seus familiares dependem dele financeiramente. Deles, explicou Barbosa, vem uma pressão para que não seja candidato. Afirmou que os entende, porque a política brasileira está tão complicada que ninguém quer ver um parente envolvido com ela.
Ao mesmo tempo, porém, Joaquim Barbosa deu mostras de que acompanha tudo o que é escrito sobre ele e que está por dentro de tudo o que ocorre no País, em todos os setores. Nos 11 anos em que ficou no STF, sendo um ano e meio como presidente, todo tipo de assunto passou por ele, o que o levou a formar uma opinião sobre temas econômicos como reforma da Previdência, reforma tributária, estatização e privatização, explicou. Para tranquilizar o PSB, Barbosa contou que sua linha de pensamento para a economia assemelha-se à do partido que o acolheu.
Durante a conversa, ele se mostrou muito animado com uma pesquisa qualitativa feita pela empresa Ideia Big Data, que no início do mês sondou o que acham os eleitores das classes C, D e E a respeito de Joaquim Barbosa. A conclusão foi a de que o ministro aposentado do STF emula “os bons atributos” do ex-presidente Lula e do juiz Sérgio Moro. Portanto, o eleitor o considera um “self-made man”, que venceu por seus méritos e esforços (Lula), e o associa com as ideias de justiça, honestidade e coragem (Moro). Tudo isso sem que Barbosa tenha a taxa de rejeição do juiz da Lava Jato.
Antes de deixar a sede do PSB, Joaquim Barbosa perguntou a Carlos Siqueira por que é que ele tinha chamado tantos repórteres para uma simples reunião, número tão grande que, confessou o ex-presidente do STF, ele nunca havia visto igual. “Não fomos nós, foi o senhor”, respondeu Siqueira. Barbosa ficou incomodado. Chegou a perguntar se havia como sair do local sem ser visto. Sinal de que ele, se decidir mesmo ser candidato, e a impressão que deixou é a de que quer ser, precisará aprender a lidar com os holofotes.
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