sábado, 21 de abril de 2018

Em cenário polarizado, celebridades entram na corrida eleitoral

De ator pornô a funkeira, candidatos tentam repetir o sucesso de votos de Tiririca

João Pedro Pitombo, Géssica Brandino | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO E SALVADOR - Com jaleco entreaberto, estetoscópio sobre os ombros e bandeira do Brasil nas mãos, Dr. Rey posiciona a câmera e começa a discursar com um forte sotaque americano.
“Qreedos Brazil, vocês deeeeemais. Eu me prrrreocupo vocês. Sonho com Brazil prrrrimeiro mundo”, diz o cirurgião plástico de celebridades radicado nos Estados Unidos e protagonista de um reality show na tevê. Ele conta que disputará uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo PRB.

Nas eleições de outubro, terá um adversário de peso na busca pelo voto do segmento conservador em São Paulo: o ex-ator pornô Alexandre Frota, que filou-se ao PSL de Jair Bolsonaro e também vai tentar ser deputado federal.

Eles não são as únicas celebridades do meio artístico e do esporte que pretendem disputar as eleições deste ano. Nomes como o apresentador Otávio Mesquita, a funkeira MC Carol e o ex-treinador de vôlei Bernardinho podem surgir nas urnas.

A aposta em nomes já conhecidos é uma estratégia dos partidos para enfrentar um cenário de campanha eleitoral curta e com orçamento restrito.

A ideia é tentar repetir performances como a do deputado federal Tiririca (PR-SP) –depois de dois mandatos e votações que superaram 1 milhão de votos, o palhaço vai se aposentar da política.

Com os votos excedentes, acima do coeficiente eleitoral, os partidos pretendem ajudar a eleger outros candidatos da mesma coligação.

O cenário de polarização também fez muitos artistas descerem do muro e se filiarem a partidos nas vésperas das eleições deste ano.

O PCdoB aposta na cantora de funk MC Carol como candidata a deputada estadual no Rio de Janeiro. Com discurso feminista, ela vai para a disputa com o apoio da União da Juventude Socialista, que a apresentou como uma “mulher que conhece a realidade nua e crua” do Rio.

No lado oposto, Otávio Mesquita diz estar com o “pisca alerta ligado” para o cenário político. Afirma ter recuado de disputar uma vaga de deputado federal, mas se vier um redemoinho pode voltar a considerar a candidatura. Conta que se filiou ao DEM “num impulso de brasilidade”, frente à chance de o PT voltar ao poder.

“Se ficarmos sem fazer nada, esse país vai para o fundo do poço”, declara o apresentador, que diz ter sido aconselhado a entrar na disputa para renovar o Congresso.

Outros artistas como o ator Fábio Assunção (PT), a atriz Tássia Camargo (PT) e o apresentador Datena (DEM) não serão candidatos, a despeito da filiação partidária.

Já os nomes ligados ao esporte são aposta de renovação na disputa por cargos majoritários. A ideia replica exemplos de sucesso como o do ex-jogar Romário (Pode), eleito senador pelo Rio em 2014 e neste ano candidato ao governo do Estado.

O ex-treinador de vôlei Bernardinho é cotado para ser candidato ao governo do Rio pelo partido Novo, mas enfrenta resistência da família.

No Distrito Federal, o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho filiou-se ao PRB com expectativa de disputar uma cadeira no Senado, mas desistiu da candidatura.

Na corrida eleitoral do Distrito Federal, a ex-jogadora de vôlei Leila Barros se filiou ao PSB e é provável candidata a senadora na chapa do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

Outro nome do esporte que pode disputar as eleições é a jogadora Tifanny Abreu, 33, primeira transexual da história na Superliga de Vôlei. Ela assinou a ficha do MDB, mas não quis falar sobre as eleições.

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