- Folha de S. Paulo
Candidatos e siglas devem repudiar com vigor agressões e ameaças na pré-campanha
A reação tímida de alguns políticos a episódios de violência nesta pré-campanha expõe uma classe que se alimenta de uma polarização em processo de apodrecimento. Dirigentes partidários e presidenciáveis ignoram a gravidade de ameaças e ataques físicos. Preferem o silêncio ou, pior, instigam seus seguidores a ter um comportamento agressivo para obter ganhos eleitorais.
Símbolo de um antipetismo em decomposição, Jair Bolsonaro (PSL) foi incapaz de emitir uma palavra de repúdio ao ataque a tiros contra o acampamento pró-Lula em Curitiba, no último sábado (28). Optou por dar uma bordoada nos opositores que atribuíram a ele a responsabilidade pela violência contra os militantes. “Desespero”, retrucou.
A cúpula do PT divulgou vídeos para condenar o inadmissível episódio. Mas aproveitou para culpar a mídia, o juiz Sergio Moro e o próprio Bolsonaro. Para a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, o caso é resultado de um “processo construído de perseguição” contra a esquerda.
Faltou a Gleisi tom semelhante para condenar o integrante do PT que agrediu um empresário que xingava dirigentes da legenda em São Paulo, na véspera da prisão de Lula.
A presidente do partido também ficou em silêncio quando um militante acampado em Curitiba tentou intimidar um repórter da Record. Bolsonaro, com indignação seletiva, correu para publicar um vídeo nas redes sociais denunciando o caso.
No meio do caminho, ficou Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano errou duplamente ao se omitir na crítica obrigatória ao ataque a tiros contra os lulistas e também não foi capaz de aproveitar o palanque fácil da defesa da liberdade de imprensa.
Ameaças, agressões e ataques por motivações ideológicas devem ser repudiados com vigor por aqueles que pretendem exercer postos de autoridade. É tão difícil dizer o óbvio e criticar esses atos? Candidatos e partidos que abrirem mão dessa responsabilidade também estão abdicando da política e se mostram que podem estar inaptos para o poder.
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