Por Marina Falcão, Raphael Di Cunto e Marcos de Moura e Souza | Valor Econômico
RECIFE, BRASÍLIA E BELO HORIZONTE - O governador de Pernambuco e candidato à reeleição, Paulo Câmara (PSB), defendeu publicamente ontem, pela primeira vez, o apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, em uma aliança nacional de seu partido com os petistas. Câmara reuniu-se com a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), no Recife, e depois do encontro disse que o diretório pernambucano, o maior da sigla, não está isolado na defesa do acordo nacional com os petistas.
O PSB, no entanto, mantém conversas com o presidenciável do PDT, Ciro Gomes. Diante do impasse sobre quem apoiar na disputa presidencial, a direção nacional do partido adiou a reunião que faria na próxima semana para definir a política de alianças. O adiamento alimentou as expectativas de quem espera que a sigla fique neutra, sem apoiar oficialmente nenhum dos candidatos no primeiro turno.
Câmara disse que a composição nacional com o PT interessa a "maioria do Nordeste", região onde Lula figura como candidato mais forte, além de parte do Norte, Centro-Oeste e Sudeste. O governador afirmou que avisou Ciro na quarta-feira, quando ambos conversaram em Brasília, que apoiará Lula na eleição. "Vamos defender o apoio formal à Lula. A depender da discussão, se a opção pela neutralidade for majoritária, nós temos que entender isso", disse. "Vamos fazer de tudo para que essa aliança se concretize".
Câmara iniciou uma ofensiva para evitar a aliança com o PDT. Antes do encontro com Gleisi, reuniu-se em Brasília na quarta-feira com o presidente do PSB, Carlos Siqueira. Candidato à reeleição, o governador tem interesse no acordo com o PT para que o partido retire a pré-candidatura da vereadora Marília Arraes, sua rival na disputa estadual. A petista tem crescido nas pesquisas de intenção de voto e encostou no governador e no senador e pré-candidato Armando Monteiro (PTB).
Gleisi, por sua vez, reforçou a disposição de uma aliança e sinalizou que poderá rever a pré-candidatura de Marília. "Temos que fazer um esforço para formar um campo muito firme, para resgatar o Brasil. Temos uma decisão no partido que é por uma aliança nacional". Depois do encontro com Câmara, Gleisi deve reunir-se com o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB).
Apesar da declaração de Câmara, o pré-candidato do PSB ao governo de Minas Gerais, Marcio Lacerda, que chegou a ser cotado como vice na chapa de Ciro, descartou ontem um acordo com o PT. "Ou será o PDT ou o partido não terá aliança", disse.
Outro diretório que voltou a pressionar pela neutralidade é o de São Paulo, controlado pelo governador e pré-candidato à reeleição Márcio França, aliado do pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. O tucano não dará apoio a França no Estado porque o PSDB tem candidato próprio, o ex-prefeito João Doria. França mantém o palanque aberto.
Na semana passada, a maioria dos presidentes estaduais do PSB defendeu a coligação com Ciro - e os contrários disseram que não seria um problema desde que pudessem fazer campanha para outros candidatos nos Estados. O presidente do PSB consultou os governadores, que não teriam se oposto a aliança, e marcou a reunião da executiva nacional para o dia 18 e do diretório nacional para o dia 19. Parlamentares davam como certo que nesses encontros seria aprovada a aliança com Ciro. Agora, segundo o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), os encontros estão cancelados e sem data para ocorrer. A convenção será em 4 de agosto, penúltimo dia do prazo legal das convenções.
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