terça-feira, 11 de setembro de 2018

Após a facada: Editorial | Folha de S. Paulo

Bolsonaro se consolida na liderança, mas atentado não teve efeito expressivo, mostra o Datafolha

Uma série de novidades antecedeu a pesquisa Datafolha sobre intenção de votos para presidente realizada nesta segunda-feira (10).

A propaganda eleitoral teve início no dia 1º de setembro, debates e sabatinas ocorreram com maior frequência, a divulgação do nome de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato petista foi vetada e, por fim, mas não menos importante, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) sofreu um atentado a faca na quinta-feira (6), em Juiz de Fora.

Os resultados mostram que, embora o cenário da disputa não tenha apresentado mudanças drásticas, alguns movimentos parecem ganhar consistência. Sem a presença de Lula, consolida-se a liderança de Bolsonaro, que oscilou de 22% no levantamento anterior, de 21 e 22 de agosto, para 24%.

Dessa fatia, 74% afirmam que não pretendem abandonar o candidato, que continua, por outro lado, sendo o mais rejeitado. São 43% os que afirmam que não votariam de jeito nenhum em seu nome. O percentual sobe para 49% entre as mulheres e chega a 55% entre os mais jovens.

Não por acaso, Bolsonaro não supera nenhum concorrente nas simulações de segundo turno.

Embora tenha oscilado positivamente, a variação, dentro da margem de erro, sugere que o impacto eleitoral da violência sofrida pelo capitão reformado não foi intenso como muitos chegaram a supor.

Nas demais posições, verifica-se disputa acirrada entre os quatro candidatos que, além de Bolsonaro, mostram chances mais palpáveis de chegar ao segundo turno. O que mais cresceu foi Fernando Haddad, ainda não declarado formalmente presidenciável petista. O ex-prefeito de São Paulo vinha, todavia, de um patamar baixo, subindo de 4% para 9%.

Ciro Gomes (PDT) parece em tendência de alta, passando de 10% para 13%, o que lhe garante numericamente a segunda posição, embora dentro da margem de erro.

Já Marina Silva (Rede) é a única a mostrar clara trajetória de queda, com suas preferências caindo de 16% para 11%. Num quadro de tantos nomes, e com tempo irrisório no rádio e na TV, reverter tal perda não será trivial.

Ela parece dispor de menos condições do que o pedetista para disputar votos no território da esquerda e da centro-esquerda , já congestionado —um terço dos entrevistados afirma que votaria com certeza no nome indicado por Lula.

O tucano Geraldo Alckmin tem pouco a comemorar. Se chegou ao patamar simbólico dos dois dígitos (10%), não cresceu acima da margem de erro, mesmo contando com o maior tempo de propaganda.

Em tal cenário, é de imaginar que chegará rapidamente ao fim a trégua concedida pelos adversários a Bolsonaro após o abominável esfaqueamento da semana passada.

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