- Folha de S. Paulo
Bolsonaro deve disputar com Alckmin vaga no segundo turno
Foi relativamente modesto o efeito mártir provocado pelo ataque a JairBolsonaro. Como mostra o Datafolha, as intenções de voto no candidato do PSL oscilaram apenas dois pontos percentuais para cima, apesar da ampla exposição no noticiário, e a rejeição a seu nome até subiu em relação ao levantamento anterior. O que isso significa para a corrida eleitoral?
Tudo o que não é proibido pelas leis da física pode acontecer. Em tese, até o cabo Daciolo pode ser eleito presidente. Mas, com base nas pesquisas, na literatura técnica, no histórico dos pleitos e no que se convencionou chamar de sabedoria política, podemos classificar como remota a possibilidade de o bombeiro militar sagrar-se vencedor.
Até que novos e mais surpreendentes imprevistos venham a abalar nossas profissões de fé bayesianas, o mais provável é que a disputa se dê entre Bolsonaro, Ciro, Marina, Alckmin e Haddad.
Mais até, dá para afirmar com alguma confiança que haverá dois turnos e que uma das vagas será ocupada por um representante da esquerda, e a outra, por alguém do campo da direita. Isso significa que Ciro e Haddad vão brigar por um dos lugares, e Bolsonaro e Alckmin pelo outro. A melhor chance de Marina seria fazer colar o discurso antipolarização, mas seu escasso tempo de TV não a ajuda.
Se a transferência de votos de Lula ocorrer como o PT espera, Haddad leva vantagem sobre Ciro. Se a coisa não for tão automática, o PT terá desperdiçado um tempo vital ao retardar a oficialização da candidatura do ex-prefeito de São Paulo.
Quem se encontra na situação mais complicada é Alckmin. Ele não tem alternativa que não a de bater em Bolsonaro, mas não pode errar na dose. Com o rival convalescendo numa UTI, o risco é que a tentativa de desconstrução se volte contra o tucano. É um problema difícil de resolver, mas não impossível. Não faltam inconsistências na candidatura do militar reformado.
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