Alckmin nega negociações com adversários; Serra defende proposta
Thais Bilenky , Joelmir Tavares , Isabel Fleck e Gustavo Uribe | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO E BRASÍLIA - A carta emendada por uma publicação nas redes sociais em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pede união dos candidatos de centro em torno de Geraldo Alckmin (PSDB) foi rebatida pelos adversários do tucano.
Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) descartaram de pronto abrir mão de suas campanhas em favor da de Alckmin, que, por sua vez, negou que vá procurá-los para negociar.
"Não vou procurar, porque é legítimo que eles sejam candidatos. Mas a ideia é uma reflexão do conjunto do eleitorado", disse nesta sexta (21) em Recife.
O próprio FHC, ao jornal O Globo, mostrou-se cético. "Talvez seja tarde, mas a gente tem que fazer algum esforço."
O senador José Serra (PSDB) saiu em defesa do pleito --sem erguer a bandeira do correligionário, porém. "É fundamental que as candidaturas que não apostam na radicalização convirjam", urgiu. "Creio que esse entendimento apontaria para o Alckmin, mas devemos começar a negociação sem impor nomes."
Os intelectuais tucanos Eliana Cardoso e Bolívar Lamounier também endossaram a ideia. E mais: foram explícitos no apoio a Alckmin.
Em sua carta, sem citar o candidato de seu partido, Fernando Henrique fez um apelo contra os radicalismos, referindo-se a Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
Essa narrativa, que coloca os líderes das pesquisas como extremos opostos, tornou-se a pilastra da campanha de Alckmin, que batalha para chegar aos dois dígitos --marcou 9% no último Datafolha.
A campanha do PSDB estranhou o apelo ambíguo de FHC. O ex-presidente, então, foi a público esclarecer.
"Enviei carta aos eleitores pedindo sensatez e aliança dos candidatos não radicais. Quem veste o figurino é o Alckmin, só que não se convida para um encontro dizendo 'só com este eu falo'", justificou.
Com a fragmentação de candidaturas de centro, Bolsonaro lidera com 28%, seguido de Haddad, com 16%, segundo o último Datafolha.
Marina (7%) alfinetou FHC. "Ninguém chama para tirar as medidas com a roupa pronta."
No dia seguinte, voltou ao tema. "É legítimo que um ex-presidente da República se coloque, ainda mais quando seu próprio partido vive as mesmas dificuldades do partido que hoje já tem um dos seus líderes presos", respondeu.
"Não podemos é querer em nome das pesquisas impor à sociedade brasileira que [eleição] é apenas um plebiscito entre o azul e o vermelho, entre o populismo de direita e o populismo de esquerda."
Meirelles (2%) defendeu o "direito dele [FHC] de falar com seus correligionários". E ironizou: "Se Alckmin quiser renunciar em favor da minha candidatura, eu aceito".
Ex-tucano, Alvaro Dias (3%) foi na mesma linha. "Quero aplaudir o presidente pela preocupação com o futuro do país, mas o PSDB só tem autoridade de propor conjugação de esforços se renunciar à sua candidatura", disse.
Derrotas sucessivas do PSDB são motivo para "oferecer espaço para uma alternativa que possa derrotar o PT", sustentou.
Ciro (13%) partiu para a provocação: "É muito mais fácil um boi voar de costas" do uma renúncia coletiva em favor do Alckmin.
"Fernando Henrique não percebe que ele já passou. A minha sugestão é que troque aquele pijama de bolinhas, que está meio estranho, por um pijama de estrelinhas. Porque, na verdade, ele está preparando o voto no Haddad. Ele não tem respeito a nada e a ninguém, a não ser ao seu próprio ego", atacou.
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