Por Estevão Taiar | Valor Econômico
SÃO PAULO - Mesmo com o acirramento das tensões políticas, a democracia e as instituições não estão ameaçadas neste momento, de acordo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "A democracia está enraizada aqui, o país é muito diversificado", disse ontem ao Valor após evento realizado na fundação que leva seu nome, em São Paulo (SP), para debater os 30 anos da Constituição de 1988.
Para FHC, o principal risco agora é de uma continuação da piora das condições de vida da população. "A democracia funciona de maneira pior ou melhor, depende da liderança, das condições econômicas sociais. Esse é o risco: de haver um processo de deterioração das condições de vida do povo brasileiro", disse.
Durante o debate, ele pediu a palavra para afirmar que o próximo presidente precisará de "liderança" para conquistar "coesão" e lidar com um "Congresso oligárquico".
Os participantes do debate, no entanto, foram mais pessimistas e afirmaram que há algum risco às instituições. O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi alvo de críticas. "Neste momento é o caso de voltarmos a olhar um pouco a questão militar", disse José Eduardo Faria, professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, de maneira semelhante ao período que antecedeu a ditadura, é necessário "saber de novo" quem forma a cúpula das Forças Armadas e "perceber que há riscos em potencial".
Já Oscar Vilhena, diretor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, afirmou que é preciso "ser radicalmente anti qualquer coisa que o Bolsonaro fala". Por sua vez, Maria Paula Dallari Bucci, professora da Faculdade de Direito da USP, disse que a Constituição está segura neste momento, mas pode acabar ameaçada se "aquele candidato que prefiro não nomear" for eleito.
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