quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Alckmin tenta manter apoio de aliados e diz que eleição não terá apenas um turno

Presidenciável do PSDB reuniu nesta tarde todos os partidos da sua coligação e ouviu cobranças para retomar ataques a Bolsonaro

Silvia Amorim | O Globo

SÃO PAULO - Em reunião nesta tarde em São Paulo, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, agiu para manter o apoio dos partidos aliados a sua candidatura, descartando uma vitória de Jair Bolsonaro (PSL) já no primeiro turno da eleição. Alguns líderes partidários chegaram ao encontro preocupados com a campanha pelo voto útil que o adversário passou a fazer nos últimos dias para liquidar a disputa em um turno.

O marqueteiro da campanha, Lula Guimarães, mostrou aos aliados dados da rejeição de Bolsonaro, que, segundo ele, inviabilizariam uma eleição de primeiro turno este ano. O número mais destacado foi o da rejeição do adversário entre o eleitorado feminino, que, pelas pesquisas tucanas, estaria em mais de 50%.

Após quase duas horas de reunião, os líderes do DEM, PP, PR, PRB, SD, PPS, PTB e PSD deixaram o encontro reafirmando uma eleição em dois turnos.

— Não há hipótese dessa eleição acabar no primeiro turno. Esqueçam. É a eleição mais pulverizada desde 1989. Essa onda toda que se quer criar já aconteceu em outras eleições e todas elas foram para o segundo turno — afirmou o presidente nacional do DEM, ACM Neto.

— Vamos mostrar que é muito complicado declarar um voto para o Bolsonaro e achar que ele vai ganhar no primeiro turno. Vamos dizer que votando no Bolsonaro você está votando no PT — disse o presidente do PP em São Paulo, Guilherme Mussi.

A preocupação de integrantes da coligação com a possibilidade de uma eleição em um turno começou no domingo passado, durante reunião de Alckmin com alguns aliados na residência do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Na ocasião, eles avaliaram que a pregação de Alckmin pelo voto útil, iniciada dias atrás, estaria causando um efeito reverso. Em vez de atrair votos para Alckmin, eleitores de outros candidatos estariam declarando voto a Bolsonaro para que ele ganhasse no primeiro turno e, assim, fosse enterrado o risco de volta do PT ao poder. Alckmin tem dito que votar em Bolsonaro no primeiro turno é "passaporte" para o retorno do PT.

Foi a segunda vez, desde o início da campanha, que Alckmin reuniu representantes dos oito partidos da sua aliança. A primeira havia sido em Brasília pouco antes do início do horário eleitoral.

RETOMADA DA OFENSIVA A BOLSONARO
Numa mansão em São Paulo onde fica equipe do programa de governo tucano,eles discutiram o rumo da propaganda de Alckmin nos próximos 20 dias para tentar reverter a estagnação do tucano nas pesquisas. Pesquisa Datafolha mostrou Alckmin com 9% das intenções de voto. A principal reivindicação do grupo de apoiadores foi a retomada da campanha contra Bolsonaro no rádio e na TV e mais clareza na críticas. A ofensiva havia sido suspensa após o atentado ao adversário.

— Não se faz campanha elogiando o adversário. Tem que dizer o que ele significa. Estamos numa disputa em que o risco que temos é o das liberdades e da democracia. Se dissesse uma vez só o defeito de uma pessoa e isso resolvesse, era muito simples. Tem que continuar. A gente vinha bem e o atentado paralisou — afirmou o presidente do PPS, Roberto Freire.

ACM Neto reforçou que a estratégia de apontar os erros do PT e as "fragilidades" de Bolsonaro está mantida.

— Não podemos num debate político, faltando 20 dias para e eleição, negligenciar informações muito importantes da população, deixando claro que o PT é o principal responsável pela crise que vivemos hoje, pelos 13 milhões de desempregados e o caos na saúde e segurança. De outro lado, não podemos deixar de evidenciar as fragilidades da candidatura de Bolsonaro, afinal o Brasil tem o direito de se perguntar o que de concreto ele fez em 30 anos de mandato pelo país. Elas coisas não podem deixar de ser colocadas. Elas precisam ser ditas claramente.

Apesar das dificuldades da candidatura, os aliados tentaram mostrar unidade em torno do candidato.

— Nunca estivemos tão coesos quanto agora. Nunca foi discutido retirar o apoio — disse Marcos Pereira, líder nacional do PRB.

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