quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Na TV, Alckmin volta a subir o tom e critica Bolsonaro e Haddad

Ofensiva acontece no mesmo dia em que o tucano foi cobrado por aliados a reforçar ataques a adversários do PSL e do PT

Silvia Amorim | O Globo

SÃO PAULO - Estagnado com baixa popularidade nas pesquisas, o candidato do PSDBàP residência, Geraldo Alckmin, subiu o tome retomou ontem, fortemente, os ataques contra os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL)e Fernando Haddad( PT ), respectivamente em primeiro e em segundo lugar na pesquisa Ibope de ontem.

A ofensiva acontece no mesmo dia em que o tucano, em encontro em São Paulo, foi cobrado por aliados a reforçar as críticas contra os adversários.

À noite, no horário eleitoral obrigatório na TV, Alckmin dividiu o programa basicamente para atacar as “turmas” de Haddad e Bolsonaro. O discurso foi duro:

“De um lado, temos a turma do vermelho que quer o fim da operação Lava-Jato para encobrir o maior escândalo de corrupção do mundo. De outro lado, temos a turma do preconceito que persegue as mulheres até nas redes sociais, a turma da revolta, da intolerância, do ódio a tudo e a todos”, diz a apresentadora.

Em seguida, Alckmin reforça o ataque aos dois:

“Os brasileiros já elegeram um poste vermelho e não deu certo. Se não deu certo com o primeiro, não vai dar certo com o segundo. Também já caímos os no conto do vigário de um presidente sem apoio e que se dizia o novo. Deu no que deu: impeachment duas vezes”. A campanha chega a mostrar a imagem de Haddad e Bolsonaro, com a seguinte inscrição: “O Brasil não pode errar de novo”.

— Não se faz campanha elogiando o adversário. Estamos numa disputa em que o risco é o das liberdades e da democracia. A gente vinha bem, mas o atentado paralisou — disse o presidente do PPS, Roberto Freire, que participou do encontro.

O presidente do DEM, ACM Neto, reforçou que a estratégia tem que ser apontar as “fragilidades” de Bolsonaro, além de erros do PT.

— Não podemos, faltando 20 dias para a eleição, negligenciar informações importantes da população. O PT é o principal responsável pela crise de hoje e temos que evidenciar as fragilidades de Bolsonaro —disse ACM.

Algumas lideranças chegaram ao encontro preocupadas coma campanha pelo voto útil que o candidato do PS L passou afazer nos últimos dias para liquidara eleição em um turno.

Ao mesmo tempo, na reunião com os presidentes dos partidos, Alckmin também agiu para manter o apoio em torno de sua candidatura. Numa estratégia para manter o apoio político dos aliados, o marqueteiro da campanha, Lula Guimarães, mostrou dados da rejeição de Bolsonaro, que, para ele, inviabilizaria uma eleição de primeiro turno.

ELEITORADO FEMININO
Um dos números apresentados foi a reprovação entre o eleitorado feminino, que seria superior a 50%, segundo as pesquisas tucanas. Após quase duas horas de conversa, os líderes do DEM, PP, PR, PRB, SD, PPS, PTB e PSD deixaram o encontro reafirmando apoio ao tucano e a convicção numa eleição em dois turnos.

A preocupação de integrantes da coligação começou no domingo passado em reunião de Alckmin com aliados na casa do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em São Paulo. Na ocasião, eles avaliaram que a pregação de Alckmin pelo voto útil, iniciada dias atrás, estaria causando um efeito reverso. Apesar das dificuldades da candidatura, os aliados tentaram mostrar unidade em torno de Alckmin.

—Nunca estivemos tão coesos quanto agora. Nunca foi discutido retirar o apoio — disse Marcos Pereira, líder nacional do PRB.

Apesar dos discursos de otimismo, tem sobrado apreensão na campanha. Mesmo aliados mais próximos do candidato avaliam que o cenário é difícil. Há impaciência com o fato de Alckmin não ter conseguido até agora aparecer ao eleitor como o anti-PT, apesar de ter intensificado as críticas ao partido. Além disso, cobram que Alckmin é o candidato com menos assunto gerado nas redes sociais.

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