Estacionado nas pesquisas, tucano rediscute campanha com partidos coligados
Thais Bilenky | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Cobrado por aliados pela postura considerada morna, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) concordou nesta terça-feira (18) com a necessidade de partir para o ataque para garantir uma vaga no segundo turno.
Até então refratário a fazer colocações mais agressivas, o tucano foi convencido de que o voto conservador continuará na órbita de Jair Bolsonaro (PSL) caso ele não suba o tom.
O receituário é o mesmo que ele já evidenciou nos últimos dias. Alertará para o que chama de risco de radicalismo de direita, com o capitão reformado, e populismo de esquerda, com Fernando Haddad (PT). A forma é que, segundo aliados, mudará.
A previsão é que Alckmin não deixe que apenas propagandas eleitorais de sua coligação batam em Bolsonaro e no PT, mas ele próprio vá à televisão com a mensagem —que precisa ser exposta por ele de maneira mais clara e direta, na avaliação da campanha.
O tucano se encontrou, em São Paulo, com seu marqueteiro, Lula Guimarães, e líderes dos partidos de sua coligação, na segunda reunião dessa envergadura desde o início oficial da campanha.
Estavam presentes representantes dos partidos da coligação como Valdemar Costa Neto, que manda no PR apesar de estar desfiliado, Marcos Pereira, presidente do PRB, ACM Neto, presidente do DEM, Guilherme Mussi e Aguinaldo Ribeiro, do PP, e Roberto Freire, do PPS.
Solidariedade, PSD e PTB mandaram emissários de segundo escalão.
Nas palavras de ACM Neto, coordenador político da campanha, na saída da reunião, os dois eventos que travavam o debate político foram superados.
"O futuro do Brasil não pode ficar entre uma facada e uma prisão", afirmou em referência ao ataque a Bolsonaro e à tentativa do ex-presidente Lula de se candidatar, embora cumprindo pena.
É a senha para a decisão de retomar a desconstrução da candidatura do PSL, que foi amenizada depois do ataque em Juiz de Fora (MG).
O episódio deixou os oponentes "em compasso de análise", observou o prefeito de Salvador, afinal, "não era razoável que, enquanto um candidato estivesse lutando pela vida", fosse criticado. Agora, "é obvio que a razão precisa voltar à cena e não vamos deixar de expressar tudo o que precisa ser expressado em relação às fragilidades da candidatura de Jair Bolsonaro", afirmou.
O encontro também serviu como demonstração de força e união da coligação, em momento de desânimo com a candidatura do tucano.
"Estamos bastante seguros em relação ao planejamento que foi feito e há tempo suficiente para virar o jogo e garantir a presença de Geraldo no segundo turno. Esse é o principal objetivo da reunião de hoje", disse ACM.
Ele mencionou que, em 2014, a esta altura da campanha, Marina Silva liderava e o candidato tucano, Aécio Neves, "estava fora do jogo"
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