Aliados do tucano tentam tranquilizar grupo que teme vitória do presidenciável do PSL no 1.º turno
Pedro Venceslau e Adriana Ferraz | O Estado de S.Paulo
O ex-governador Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB nas eleições 2018, se reuniu nesta terça-feira, 18, em São Paulo com lideranças do Centrão para pedir engajamento aos aliados, anunciar mudanças na estratégia e afinar o discurso do grupo. Segundo auxiliares do candidato, o encontro foi marcado para tentar dissipar o temor de que Jair Bolsonaro (PSL) vença a eleição no primeiro turno ou passe para o segundo com Fernando Haddad (PT).
Presente ao encontro, o marqueteiro Lula Guimarães, que coordena o marketing de Alckmin, disse aos dirigentes que a campanha vai retomar em seu programa no horário eleitoral os ataques ao presidenciável do PSL e reforçar o discurso antipetista. O discurso do entorno de Alckmin é que Bolsonaro tem uma rejeição “irreversível”. A ideia a partir de agora é pregar o voto útil com o argumento de que votar em Bolsonaro significa carimbar o passaporte do PT no segundo turno.
A nova estratégia já foi colocada em prática no programa do tucano exibido na noite desta terça-feira na TV. “De um lado está a turma do vermelho, da Dilma, que quer o fim da Lava Jato. Do outro está a turma do preconceito, que persegue mulher até nas redes sociais”, disse uma atriz. Em seguida, Bolsonaro foi chamado de “deputado despreparado e sem proposta que quer resolver tudo na bala”.
A reunião com o Centrão foi convocada pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), coordenador político da campanha de Alckmin, e reuniu dirigentes do PR, PSD, PTB, PRB, SD e PSDB no comitê do programa de governo, nos Jardins, na zona sul da capital paulista. Entre os participantes estavam Valdemar Costa Neto, do PR, Roberto Freire, do PPS, Guilherme Mussi, do PP, e Silvio Torres, tesoureiro do PSDB.
Como mostrou o Estado nesta terça-feira, Alckmin tenta impedir uma debandada do Centrão – o tucano está estagnado nas pesquisas de intenção de voto com 7%. Quando questionado sobre os líderes do DEM e de outros partidos aliados que não estão apoiando Alckmin nos Estados, ACM Neto minimizou. “Isso está acontecendo com todos os partidos, e não só os da nossa coligação. A gente está cobrando quem a gente pode cobrar. Não posso colocar uma faca no pescoço de um deputado e dizer que ele é obrigado a apoiar A ou B”, disse o prefeito aos jornalistas na saída da reunião.
O presidente do DEM também afirmou que não acredita em uma vitória de Bolsonaro no primeiro turno. “Não há hipótese dessa eleição acabar no primeiro turno. Esqueça. Essa é a eleição mais pulverizada desde 1989”, disse. Ainda segundo ACM Neto, o ataque a Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) deixou todos os candidatos em compasso de análise. “Enquanto um dos candidatos lutava pela vida, não era razoável fazer um determinado tipo de enfrentamento político. Mas não iremos, em 7 de outubro, viver uma eleição entre a prisão e uma facada”, disse o prefeito de Salvador.
Debandada. Durante agenda de campanha no bairro do Pari, na zona central da capital paulista, Alckmin disse que não tem qualquer “procedência” a sugestão de que uma debandada de sua coligação esteja em curso. O ex-governador também afirmou que a reunião com o Centrão já estava combinada e que ocorre semanalmente, às segundas ou terças-feiras.
O tucano fez questão de comentar a declaração do candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, sobre criação de filhos em casas que têm apenas as figuras da mãe e da avó. Mourão disse que crianças, nestas situações, podem ser desvirtuadas e cooptadas pelo tráfico. “Isso é uma ofensa às mães que criam seus filhos com dificuldades, no sacrifício, às vezes dois, três filhos, sozinhas”.
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