Em convenção, presidente da Câmara afirma que o Legislativo tem ‘papel decisivo’ e que política se faz pelos partidos. Em discurso, Onyx não descarta volta de Bolsonaro ao DEM: ‘Quem sabe gostaria de voltar para casa'
Marco Grillo e Eduardo Bresciani / O Globo
BRASÍLIA - Dois dias após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que “tem muito mais poder” do que o Legislativo, referindo-se à sua prerrogativa de editar decretos, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mudou o tom ontem e disse que a atuação do Congresso é tão relevante quanto a do Executivo.
Anteontem, Maia havia minimizado a declaração do presidente ao dizer que não viu maldade de Bolsonaro. Na saída da convenção do DEM, em Brasília, o presidente da Câmara ressaltou que o Legislativo tem “papel decisivo” nas instituições do país.
— Foram 97 milhões de votos dados a deputados e deputadas na eleição de 2018. A representação é tão forte quanto a representação do Poder Executivo. A política se faz através de partidos. Então, quando se trata de forma pejorativa os partidos, não se está enfraquecendo apenas uma agremiação política, está se enfraquecendo a democracia brasileira —disse Maia.
Mais cedo, no discurso na convenção, Maia já havia ressaltado a atuação das legendas como mecanismo para evitar o “enfraquecimento da democracia”:
— Quando a gente fala de democracia, falamos de instituições fortes. Quando nós falamos de democracia e da importância do Parlamento, falamos de partidos fortes. A forma pejorativa com que muitas vezes tratam o Democratas e outros partidos é o caminho do enfraquecimento da democracia.
Na convenção, o líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento (BA), reclamou do uso da expressão “centrão”.
— Se existiu algum dia na nossa história (...), esse “centrão” foi destruído exatamente pelo deputado Rodrigo Maia —disse Elmar.
RETORNO AO DEM
Também presente no encontro, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deixou em aberto em seu discurso ontem que Bolsonaro pode ter a intenção de voltar ao partido, onde esteve em 2005.
—Nós vencemos e hoje nós temos na Presidência um ex-filiado do PFL, do Democratas. E que olha para o nosso partido com imenso respeito — e por que não dizer? — com olho de que, quem sabe, gostaria de voltar para casa —disse o ministro.
Onyx destacou que o DEM sempre fez oposição ao PT:
— Ele (Bolsonaro) foi escolhido para fazer a transformação e dar consequência à aliança liberal-conservadora que nós do Democratas, e do velho PFL, sempre desejamos ver no Brasil. Essa é a nossa chance. Renasceu a centro-direita no Brasil —afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário