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Sínodo da Amazônia
A insanidade do presidente Jair Bolsonaro não chegará ao ponto de ele admitir que o autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho foi quem melhor definiu o Papa Francisco, pelo menos para seu gosto.
Olavo escreveu no twitter há poucos dias:
“Para mim, esse Bergoglio já deu no saco. Ele não é Papa nem no sentido figurado do termo”.
Jorge Mario Bergoglio, nascido em Buenos Aires há 82 anos, é o 266º Papa da Igreja Católica. Eleito em março de 2013, é também o primeiro pontífice não europeu em mais de 1.200 anos.
Em outubro de 2017, quando Bolsonaro cogitava ser candidato a presidente só para ajudar a carreira política dos filhos, Francisco anunciou que dali a dois anos instalaria o Sínodo da Amazônia.
É o que fará a partir deste domingo. Até o final do mês, em Roma, cerca de 280 cardeais, arcebispos, bispos, padres e religiosos discutirão os principais problemas da Amazônia. E logo quando…
Logo quando a preservação da Amazônia está no radar do planeta. E por aqui temos um presidente que não liga para isso, que só pensa em explorar os minérios da região. (Olha o nióbio aí, gente!)
O governo brasileiro quis enviar um representante ao Sínodo. A Igreja descartou. Sínodo é um encontro convocado pelo Papa. Ali só há lugar para religiosos e convidados, governos, não.
O que se ouvirá em Roma nas próximas semanas desagradará profundamente Bolsonaro e a sua turma. É por isso que ele não irá à canonização da Irmã Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira.
A cerimônia está marcada para o domingo dia 13 durante missa a ser celebrada na Praça de São Pedro, no Vaticano, pelo próprio Papa. O vice Hamilton Mourão chefiará a comitiva brasileira.
Francisco tem mais com o que se preocupar. Como fora, também dentro da Igreja há extremistas de direita. Não chegar a dizer que a Terra é plana, mas duvidam que ela corra riscos.
Voltam-se de preferência para Deus e esquecem seus filhos. São contra a ordenação de homens casados, ideia de Francisco para a evangelização de áreas pouco povoadas e carentes de padres.
É o caso da Amazônia.
Moro, aproxime-se para lá!
Rejeição braba
Prédios envelopados na Esplanada dos Ministérios como se fossem gigantescos outdoors, gastos com propaganda no rádio e na televisão, solenidades presididas por Jair Bolsonaro… Nada disso ajudará à aprovação pelo Congresso do pacote de medidas anticrime do ministro Sérgio Moro, da Justiça e da Segurança Pública.
E por uma razão digamos básica: as medidas desagradam deputados e senadores, principalmente a prisão em segunda instância. E eles nunca gostaram de Moro e continuam sem gostar. O pacote já foi desidratado e será ainda mais. Quanto ao ex-juiz da Lava Jato, só resta aturá-lo e torcer para que perca popularidade.
Que Lula poderá sair da prisão?
Bolsonaro precisa dele solto
A confirmar-se que o Supremo Tribunal Federal já conta com maioria de votos para suprimir o direito de a segunda instância da Justiça prender réus que condenou, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria a um passo de ir para casa sem tornozeleira eletrônica e nenhum outro tipo de restrição.
O ministro Dias Toffoli anunciou que porá em votação ainda este mês, e de uma vez só, a prisão em segunda instância e a aprovação da tese que pode limitar os efeitos da decisão do tribunal de anular duas sentenças da Lava Jato. A anulação se deu em casos de réus delatados ouvidos depois de réus delatores, o que os prejudicou.
A sentença que condenou Lula no processo do tríplex do Guarujá, e que foi responsável por sua prisão, ainda não transitou em julgado. Há recursos da defesa à espera de exame nos tribunais superiores. Réu em quase uma dezena de processos, Lula poderá ser solto e no momento seguinte devolvido à cadeia.
Mas enquanto estiver livre voltará a influir na política brasileira para o bem ou para o mal. Em recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ex-presidente Michel Temer admitiu que não teria havido impeachment se Lula tivesse tomado posse como chefe da Casa Civil do governo Dilma. A Justiça não deixou.
Resta saber que Lula sairia da cadeia em Curitiba. Um Lula magoado, ressentido, e disposto a reconquistar a qualquer preço o protagonismo que perdeu? Ou um Lula mais sábio e amadurecido pela reclusão forçada, interessado em construir uma saída negociada para a polarização política que tanto mal faz ao país?
Ao presidente Jair Bolsonaro e à sua turma, a liberdade de Lula já não provoca medo. Eles só sabem sobreviver à base de conflitos. Aproveitarão a oportunidade para radicalizar o discurso e as ações às vésperas de novas eleições municipais, e carregando o fardo de uma recuperação econômica que se arrasta a passos de tartaruga.
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