Infelizmente a saída da pandemia, organizada, minimamente aceitável socialmente, não está sendo fácil.
Vai-se cristalizando um quadro de impasse, na Sociedade, com a retomada das atividades produtivas e da vida cotidiana, que começou a estressar boa metade da população, refletindo no descaso com medidas protetivas e no baixo índice de isolamento, cada vez mais difícil de ser imposto pelas autoridades.
Ao descaso do governo central, vão-se somando medidas desencontradas das administrações estaduais e municipais.
Avulta o crescimento de novos casos e uma mortalidade diária da ordem de mil pessoas, situando o Brasil atrás apenas dos EUA.
Na economia, o quadro é igualmente de contradição entre o gasto público necessário ao amparo dos informais e da grande massa de desempregados, a retomada do crescimento e o ajuste fiscal e orçamentário indispensável ao controle da inflação, da dívida pública e do funcionamento regular dos mercados.
O governo central sonha com o aumento da carga tributária e uma reforma administrativa capaz de poupar gastos em escala significativa, somente possível com um ataque aos privilégios das corporações, que permeiam o serviço público no Brasil. Medidas de difícil viabilidade política, que poderão conduzir a novas crises institucionais e de governabilidade.
Vagueando pela crise sistêmica de nossa formação social, talvez devesse ser pactuada entre as forças políticas um programa de reconstrução nacional, nos marcos da Constituição e da legalidade democrática.
*Fausto Nascimento, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco e ex-secretário do Trabalho no Governo Miguel Arraes, até abril de 1964.
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