- O Estado de S.Paulo
Bolsonaro e seus soldados estão fazendo de bico fechado aquilo que alardearam com gravadores ligados na reunião dos círculos do inferno
Não se pode dizer que quem permaneceu no governo depois da dantesca reunião ministerial de 22 de abril não seguiu as ordens do chefe.
Escancarar a questão das armas, dar acesso a Jair Bolsonaro a relatórios de inteligência, criar um serviço de arapongagem paralelo e “passar a boiada” na desregulamentação ambiental prescindindo do Congresso. Foi tudo dito, sem medir as palavras. Está tudo sendo feito.
André Mendonça ganhou
o lugar de Sérgio Moro pela
sua lealdade ao presidente e agora terá de explicar ao Supremo Tribunal Federal e
ao Congresso se e com que intenção mandou produzir dossiês sobre
funcionários públicos, acadêmicos e sabe-se lá mais que supostos “adversários”
do presidente.
Parlamentares
como Alessandro Molon (PSB)
e Randolfe Rodrigues (Rede)
também acionam o STF e apresentam projetos de decreto legislativo para que
Bolsonaro explique um decreto que mexe na estrutura da Abin e cria um Comitê de
Inteligência Nacional destinado a planejar, coordenar e implementar ações de
“enfrentamento de ameaças à segurança e à estabilidade do Estado e da
sociedade”. Vago e amplo o suficiente para virar um SNI bolsonaresco.
O silêncio de Bolsonaro e seus malabarismos com emas e caixas de cloroquina deram a alguns incautos a impressão de que ele teria se moderado. O capitão e seus soldados, no entanto, estão apenas fazendo de bico fechado aquilo que alardearam com gravadores ligados na reunião dos círculos do inferno.
CONGRESSO
Sem Maia,
plano de reeleição de Alcolumbre perde força
Rodrigo Maia (DEM-RJ) pode
esperar a insistência de Davi Alcolumbre, seu correligionário e
presidente do Congresso, para que embarquem juntos na tentativa de aprovar uma
Proposta de Emenda à Constituição para que possam se reeleger em fevereiro do
ano que vem. Maia repetiu que não quer novo mandato (o quarto consecutivo) na
segunda-feira no Roda Viva. Mas, diante de um pedido de Alcolumbre e diante de
um apelo de que seria o único nome de “consenso” em partidos agora
fragmentados, não faria esse “sacrifício”? Dividir o blocão pode ter sido uma
jogada de mestre para não deixar nenhum nome ganhar musculatura.
NO PALANQUE
Eleição
municipal será 'teste' do poder de voto do auxílio emergencial
Ninguém no Congresso ou mesmo no governo tem ilusões de que será
possível simplesmente interromper o auxílio emergencial quando se encerrar a
sua prorrogação, neste mês. Já se discutem novos valores e novas regras para a
concessão de um valor decrescente, que ajude as famílias num momento em que a
pandemia ainda come solta e a economia está longe de se recuperar.
Mas a principal razão a ditar a sobrevida da transferência de
renda é político-eleitoral. Vitaminado após o “banho de povo” da ida ao
Nordeste, Jair Bolsonaro não vai desmamar de uma vez esse novo eleitor
potencial.
Quer testar o efeito do auxílio nas eleições municipais e seu potencial de beneficiar candidatos aliados do Planalto, para projetar o efeito que uma turbinada na transferência direta de recursos, seja pelo tal Renda Brasil ou como venha a se chamar o programa, pode ter em 2022, quando precisará de todo combustível que puder estocar para se reeleger.
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