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Mais gastos de olho na reeleição
Nada pode estar tão intragável que não possa piorar. A Paulo Guedes, que por enquanto permanece como ministro da Economia, o presidente Jair Bolsonaro serviu mais dois sapos.
Primeiro sapo: sob pressão de ministros e de políticos por mais recursos para o Plano Pró-Brasil de retomada dos investimentos, Bolsonaro destinou 6,5 bilhões do Orçamento para obras públicas..
Metade desse valor será aplicada em obras indicadas por parlamentares a serem executadas em seus redutos eleitorais. Guedes só queria liberar 4 bilhões.
Segundo sapo: Bolsonaro autorizou a Polícia Federal a abrir concurso para a admissão de mais dois mil agentes. Em breve, deverá fazer o mesmo com a Polícia Rodoviária Federal.
Parecer do Ministério da Economia diz que contratações estão proibidas pela lei que congelou reajustes dos servidores até o fim de 2021. O Ministro da Justiça convenceu Bolsonaro do contrário.
É possível que se defina hoje o valor do auxílio emergencial prorrogado contra o Covid-19. Bolsonaro quer pagar 300 reais. Guedes, 250. O tamanho desse sapo definirá o futuro do ministro.
Acordo Mercosul e União Europeia faz água graças à Argentina, diz Mourão
Vice-presidente finge que não vê a devastação da Amazônia
De duas, uma. Ou o vice-presidente Hamilton Mourão pouco entende de Amazônia e de acordos comerciais, ou entende, mas não pode falar a verdade a respeito.
O general se orgulha de ter cara de índio. E de ter servido ao Exército na Amazônia durante muitos anos. Graças a isso assumiu recentemente o comando do Conselho Nacional da Amazônia.
O acordo comercial do Mercosul com a União Europeia faz água porque Alemanha, França, Holanda, Noruega e Irlanda reprovam a maneira como Brasil cuida da Amazônia. Ou melhor: descuida.
Pois Mourão preferiu jogar a culpa pelo eventual naufrágio do acordo nas costas da Argentina, em sua situação econômica e de saúde. Por Covid-19, morre-se mais aqui do que na Argentina.
Mourão também preferiu culpar a imprensa pelo que afirmou na semana passada Angela Merkel, a primeira-ministra alemã. Ela disse que o desmatamento da Amazônia só tem feito aumentar.
Os atuais níveis das queimadas na Amazônia “são como agulha no palheiro”, minimizou Mourão. Segundo ele, o Brasil é tratado com preconceito por outros países, mas que não é vilão ambiental.
Como não é? Em comparação com o primeiro semestre do ano passado, a devastação da Amazônia em igual período deste ano aumentou 25% – exatos 3.069,57 quilômetros a mais.
Quando se fala da Amazônia, os sentimentos dos brasileiros são de tristeza, indignação, vergonha e medo, conferiu pesquisa da Federação Brasileira de Bancos e do Ipespe, divulgada ontem.
Oitenta e três por cento dos entrevistados dizem estar pouco ou não estar satisfeitos com preservação da Amazônia. A insatisfação se espalha por todas as faixas etárias e todos os níveis de ensino.
No primeiro ano da Amazônia sob Bolsonaro, houve uma explosão de 34% no desmatamento em relação ao ano anterior. Só Mourão não viu. Nem Bolsonaro. Nem os militares que apoiam o governo.
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