Ao
novo eleitor, a responsabilidade chega enquanto ele ainda amadurece
Há
alguns momentos cruciais na vida dos jovens que são excitantes por natureza. A
graduação num curso superior é um deles. O formando sabe que, daquele momento
em diante, terá total responsabilidade por sua vida. Mesmo que, em alguns
casos, ainda haja a quem recorrer, melhor não. Melhor seguir sozinho, dono de
seu próprio nariz, orientado pelas suas próprias convicções, remunerado pelo
seu próprio trabalho. Outro momento exuberante ocorre ainda mais cedo, quando
eles deparam com a urna pela primeira vez.
Ao
jovem formando, um mundo absolutamente novo se abre diante dos seus olhos, com
inúmeros caminhos e atalhos. É nessa hora que decisões significativas para o
resto da jornada terão de ser tomadas. No discurso para os graduandos de
Harvard de 2008, J.K. Rowling, autora de “Harry Potter”, disse que a
responsabilidade passa para as mãos de uma pessoa no momento em que ela se
torna madura o suficiente para tomar a direção.
Ao
novo eleitor, a responsabilidade chega enquanto ele ainda amadurece. Claro que,
aos 16 anos, erros e equívocos são mais frequentes, até porque esta é uma fase
de testes cujos resultados ajudam as pessoas a definir alternativas. No
discurso de Harvard, Rowling disse que fracassos fazem parte da vida e devem
ser absorvidos para que sucessos possam ser mais bem comemorados adiante. Por
sorte, o medo de um jovem formando de errar só é menor do que sua vontade de
acertar.
O
mesmo medo acomete o jovem eleitor. A diferença é que o fracasso no voto
acarreta prejuízo para todos. A responsabilidade, portanto, é ainda maior. Ao
público de Harvard, a escritora disse o seguinte: “O jeito de vocês votarem, o
jeito de protestarem, a pressão que colocarem sobre os seus governantes terão
impacto muito além de suas fronteiras. Esse é seu privilégio e seu fardo”.
O
voto não é banal. Não se trata de votar logo cedo, se livrar disso e ir à
praia. Cada eleição tem uma dimensão própria, e seu resultado encaminha seu
país, seu estado ou sua cidade em determinada direção. É importante que o jovem
eleitor entenda desde cedo que seu voto importa. Que, no caso das eleições
municipais deste ano, o destino da sua comunidade reside no acerto do seu voto.
O
criador e dono do Facebook, que transformou o planeta numa gigantesca
comunidade, também falou no púlpito em Harvard de onde J.K. Rowling discursou.
No seu commencement speech,
ou discurso de iniciação para os formandos, pronunciado nove anos depois da
escritora, Mark Zuckerberg falou sobre mudanças. “Mudanças começam localmente.
Mesmo as grandes mudanças globais começam pequenas.”
É
importante numa eleição entender quando é hora de mudar. Não há um método único
para escolher em quem votar. Mas não custa levar algumas dicas em conta. A mais
importante delas é parar por algumas horas e analisar os candidatos. No caso de
prefeito, a primeira providência é checar as entregas feitas pelo que concorre
à reeleição. Se ele foi um bom prefeito, talvez mereça seu voto. Se não foi, é
vital descartá-lo e eleger um de seus adversários.
Se
cabe mais um alerta aos jovens, o mais importante é iniciar cortando de cara
todos os bandidos e todos os corruptos. No Rio, tropeça-se em candidatos
milicianos. Lembre que o voto é secreto, não tenha medo, não vote em miliciano.
Em
2018, 276 mil eleitores de 16 anos estavam aptos a estrear seu título de
eleitor. Outros 899 mil tinham 17 anos. Os que estavam entre 18 e 24 anos eram
7,9 milhões. Mais 12,6 milhões de eleitores tinham entre 21 e 24 anos. Os meninos
e as meninas de 16 a 24 anos somavam, portanto, 21,7 milhões de votos naquela
eleição. Considerados os 31,1 milhões que oscilavam entre 25 e 34 anos,
tínhamos 53 milhões de eleitores jovens em 2018, mais do que a terça parte de
um total de 147 milhões.
Essa força tem que ser entendida. Não pelos caçadores de votos, que esses já a têm muito bem mapeada, mas pelos donos da força, a garotada que já tem maturidade para tomar a direção e a quem cabe mudar o mundo. Para melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário