Nem os pilares da equipe econômica têm sido levados muito a sério dentro do governo
Paulo Guedes pode até completar mais uma semana no cargo, mas o governo já deixou o ministro no chão. Nas últimas 24 horas, Jair Bolsonaro e seus aliados tocaram a vida como se o chefe da equipe econômica nem estivesse mais por ali.
Pela
manhã, o presidente embarcou para o Nordeste pela sétima vez desde junho. A
agenda era parte de uma turnê pela
reeleição coordenada pelo ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento
Regional). Ele se tornou o antípoda de Guedes no governo ao formar uma aliança
a favor do aumento de gastos com obras.
Os
dois ministros já se estranharam em reuniões fechadas e trocaram hostilidades
em público. Interessado em extrair ganhos políticos da máquina do governo, o
chefe da dupla se mostra inclinado a escolher o lado de um deles.
No sertão de
Pernambuco, Bolsonaro prometeu entregar “cada vez mais obras” na
região e disse que seus aliados lutam por dinheiro “para que o ministério do
Marinho possa realmente trabalhar”. Guedes, como se sabe, já negou mais de uma
vez os pedidos do colega para aumentar despesas com esses investimentos.
A
turma política também parece disposta a atropelar o ministro nas caóticas
discussões sobre o novo programa social de Bolsonaro. Nesta quinta (1º),
aliados do presidente chegaram a anunciar em público a criação do benefício,
embora Guedes ainda não tenha conseguido encontrar o dinheiro para bancá-lo.
Ao
lado de Bolsonaro, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, disse
que o Planalto entregaria “o maior programa de solidariedade social da história
desse país”. Depois, o parlamentar ganhou uma citação elogiosa do presidente.
Nem os pilares da equipe econômica têm sido levados muito a sério. Ainda que Guedes precise mandar recados semanais a investidores em sentido contrário, o vice-presidente Hamilton Mourão sugeriu a execução de uma manobra “fora do teto de gastos” para financiar o novo Bolsa Família. Cada vez menos gente quer saber da cartilha do ministro.
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