Não
podemos dar argumentos para países criarem barreiras para nossos produtos
O
Brasil sempre atraiu a atenção do mundo na questão ambiental pela sua riqueza.
E o fator econômico contribui para elevar as cobranças sobre o nosso país, um
dos principais players no disputado mercado internacional de commodities. Ainda
mais quando se discute o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia,
anunciado no ano passado, depois de 20 anos de negociação.
O
acordo eliminará tarifas de importação para mais de 90% dos produtos
comercializados entre os dois blocos, mas ainda precisa ser ratificado por cada
um dos países-membros. Há, portanto, muitas resistências a vencer.
Assim,
não podemos dar argumentos para países criarem dificuldades ao acordo ou
barreiras para nossos produtos, alegando que o Brasil não protege o meio
ambiente. A França, por exemplo, já expressou essa posição.
Neste
momento, em nada ajudam iniciativas ou omissões que possam lançar desconfiança
sobre a política ambiental brasileira. A revogação pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente de resoluções para a proteção de áreas de restinga, manguezais e
outros sistemas sensíveis — derrubada depois pelo STF — é a polêmica mais
recente.
A
minimização de dados sobre o desmatamento na Amazônia ou de focos de incêndio
no Pantanal e a precarização dos órgãos de fiscalização, como o Ibama,
alimentam especulações contra o Brasil. Além disso, passam a mensagem de que as
regras são abrandadas, o que estimula a prática de crimes.
Se
não houver respostas mais objetivas e ações mais efetivas contra o desmatamento
e de proteção ao meio ambiente, o Brasil continuará sendo criticado, podendo
perder espaço no mercado. E, se o meio ambiente não for, de fato, protegido, as
perdas serão incalculáveis para as gerações futuras.
O
Brasil tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. E, como se
diz, o governo já ajuda quando não atrapalha. Ainda mais numa área tão sensível
como essa.
*Carlos Sampaio é líder do PSDB na Câmara dos Deputados e procurador de Justiça licenciado
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