Vitória de Joe Biden sobre Donald Trump animou gente de amplo espectro ideológico a defender no Brasil uma aliança da direita à esquerda contra o bolsonarismo
A
vitória de Joe Biden, batendo o populista de direita, Donald Trump,
animou gente de amplo espectro ideológico, da direita à esquerda. O que uniu
pessoas de posições políticas tão distintas na celebração da derrota trumpista
foi a vitória da democracia (com todos seus requisitos) sobre o autoritarismo,
inerente a quaisquer populismos, que tal desfecho representou.
Por
isso, rapidamente se começou a defender no Brasil uma aliança ampla, da direita
à esquerda, contra o bolsonarismo e sua vocação autoritária. Nesse contexto se
dão conversas entre políticos e aspirantes a políticos de distintas posições,
na tentativa de construir pontes. Faz sentido.
Estrela
ascendente na esquerda, o governador do Maranhão, Flávio Dino,
conversa com muita gente, inclusive o centro-direitista Luciano Huck – que tem
como mentor o centrista e bem-sucedido ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung.
Na Bahia, a centro-esquerda pedetista se uniu à direita carlista na disputa
pela Prefeitura de Salvador. O PT segue ausente, com algumas exceções,
como Fernando Haddad.
Agora,
Huck conversa com Sérgio Moro e se noticia possível chapa entre ambos em
2022. Mas aí a ideia de frente democrática esboroa. O jacobinismo judicial
lavajatista é tão iliberal – e, portanto, antidemocrático – quanto o
bolsonarismo. Embora o combate inclemente à corrupção tenha seduzido certos
liberais, trata-se de uma contradição: frente tão ampla a ponto de incluir até
quem se guia pelo autoritarismo que tal aliança pretende combater.
* Professor de Ciência Política na FGV EAESP e produtor do canal 'Fora da Política Não há Salvação'
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