Extremismo bolsonarista é alimentado e protegido pelo Planalto
Quando
ainda frequentava manifestações que defendiam o fechamento do Congresso e do
STF, Jair
Bolsonaro trabalhou para proteger os golpistas de seu grupo político.
Em abril do ano passado, ele indicou que era preciso mudar o comando da Polícia
Federal para frear uma investigação contra deputados que atacavam outros
Poderes.
A
tentativa de blindagem foi registrada numa mensagem enviada pelo presidente ao
então ministro Sergio Moro. Bolsonaro reagiu a uma notícia sobre o inquérito
contra seus aliados e escreveu: "Mais um motivo para a troca". Agora
preso, o deputado Daniel
Silveira (PSL-RJ) era um dos integrantes daquele time.
O presidente forçou a troca na PF e produziu uma crise com a demissão de Moro. O governo não conseguiu segurar as investigações, mas o episódio mostrou que Silveira e os demais integrantes daquela tropa de choque não eram um apêndice insignificante do grupo que chegou ao poder depois de 2018.
O extremismo
bolsonarista é alimentado e protegido pelo Planalto porque faz parte
de um projeto. Em busca de concentração de poder, Bolsonaro investe na corrosão
da confiança nas instituições, trabalha para armar apoiadores contra seus
adversários políticos e questiona a legitimidade de processos eleitorais, para
ficar em exemplos recentes.
Ainda
que Bolsonaro tenha fabricado uma trégua com o STF e contratado amigos no
Congresso, a máquina golpista continua girando. O presidente pode disfarçar,
recusar convites para protestos ou mandar para o exílio um ministro que deixa
escapar seus desejos autoritários, mas o vídeo gravado por Silveira ainda
reflete a doutrina bolsonarista.
A
prisão do deputado é uma ferramenta precária para uma punição necessária. Com
boas chances de ser derrubada pela Câmara, a decisão deve ampliar tensões e
abastecer os instintos radicais que dão vida ao extremismo político. Para
sobreviver, instituições que foram omissas por décadas terão que acordar e
reforçar a vigilância."
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