Duas
décadas depois, Bruno Covas repete o drama do avô. Mario Covas descobriu um
câncer no auge da carreira política. Havia acabado de se reeleger governador de
São Paulo. Ele rompeu uma tradição da política brasileira e manteve os cidadãos
informados sobre a evolução da doença. Morreu em 2001, aos 70 anos.
O prefeito Bruno também escolheu enfrentar a tragédia pessoal com transparência. Além de explicar cada etapa do tratamento, usou as redes sociais para divulgar boletins médicos e mensagens de otimismo. Na quinta-feira, ele publicou a última foto no hospital. Morreu neste domingo, aos 41 anos.
O
câncer de Bruno Covas interrompe uma carreira política promissora. Em 2016, ele
se elegeu vice-prefeito na chapa de João Doria. Quando Doria renunciou para
concorrer ao governo paulista, tornou-se o prefeito mais jovem da história da
cidade.
Covas
não herdou o carisma do avô, mas honrou sua trajetória de combate ao
autoritarismo. Em 2018, foi um dos poucos líderes tucanos a negar apoio a Jair
Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial. Depois ofereceu ajuda para
encenar peças de teatro boicotadas pelo governo federal.
Num
ambiente político marcado pela radicalização, o prefeito se destacava pela
moderação e pelo equilíbrio. Ele também representava uma face mais progressista
do PSDB, partido que caminhou para a direita desde o fim do governo FH.
Em
2020, Covas se reelegeu ao vencer uma disputa civilizada com Guilherme Boulos.
Chegou a se desculpar publicamente quando um aliado fez ataques pessoais ao
candidato do PSOL. Um dos pontos fracos de sua campanha foi a escolha do vice
Ricardo Nunes, num arranjo para garantir o apoio do MDB. Agora o ex-vereador
assume o comando da maior cidade do país.
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