quarta-feira, 16 de junho de 2021

Mariliz Pereira Jorge - Gincana da vacina

- Folha de S. Paulo

Nessa rinha política, políticos que lutem, e que vença a #VacinaParaTodos

Não sei você, caro leitor, mas eu só vislumbrava ser vacinada lá pela metade de 2022. Se dependesse da má vontade do governo federal, nem isso. Como no Brasil a única coisa que não nos mata é o tédio, alguns governadores e prefeitos anteciparam as datas de vacinação. Só acredito vendo. Por enquanto, políticos têm disputado uma gincana saudável e divertida nas redes sociais, mas com promessas que não dependem só deles.

Tanto faz se João Doria é o “pai da vacina”, como disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes, ao pegar carona na disputa de quem vacina primeiro. Se o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, promete “gauchada imunizada na semana Farroupilha, 20/9”. Ou se Flávio Dino, do Maranhão, oferece sorteios de até R$ 10 mil para quem tomar a segunda dose.

Para que as dívidas sejam cumpridas é preciso que não haja atrasos no recebimento de insumos, que os contratos sejam honrados pelos fornecedores, que não haja interrupção na vacinação, que a distribuição seja eficiente e que a população compareça aos postos. Tudo isso não depende apenas de estados e municípios, mas do Ministério da Saúde e do boicotador oficial da República, Jair Bolsonaro.

Pelas reações, a pressão pública dos adversários teve efeito. O titular da Saúde, Marcelo Queiroga, foi às redes reivindicar protagonismo do governo. Bolsonaro, entre um passeio de moto com os parças e alguma outra inutilidade, achou tempo para se reunir com a Pfizer e pedir pressa na próxima entrega.

Não se trata, claro, de um lampejo de sanidade. É apenas o jogo macabro para a reeleição. De um lado, tenta minar o discurso da oposição de que ele não compra vacina. Do outro, continua a entregar negacionismo fresquinho à militância, como fez na sexta (11), ao questionar novamente a eficácia dos imunizantes. Nessa rinha política, eles que lutem, e que vença a #VacinaParaTodos.

 

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