quarta-feira, 16 de junho de 2021

Bernardo Mello Franco – No berço do Bolsonarismo

- O Globo

Enquanto o capitão desfilava de moto em São Paulo, Lula veio ao Rio em busca de alianças. Durante quatro dias, o ex-presidente se reuniu com políticos da esquerda à centro-direita. Nas conversas, defendeu uma frente ampla para enfrentar o bolsonarismo em seu berço eleitoral.

O Rio será decisivo para a oposição em 2022. Se dependesse só do estado, Jair Bolsonaro teria sido eleito no primeiro turno em 2018. O presidente recebeu quase 60% dos votos válidos. O petista Fernando Haddad teve 15% e ficou em terceiro lugar, atrás de Ciro Gomes.

O bolsonarismo ainda emplacou o farsante Wilson Witzel, que desmoronou em menos de dois anos. Agora o clã tentará reeleger Cláudio Castro, o ex-vice do ex-juiz. O governador é uma velha novidade: além de bajular o capitão, aninhou-se com as famílias Garotinho e Picciani.

Castro loteou o governo entre personagens do submundo fluminense. O secretário de Educação, corretor de seguros, já admitiu que não é da área. O secretário de Transportes, dito empresário, atende pela alcunha de Juninho do Pneu. Como escreveu o colunista Ancelmo Gois, seu conhecimento do setor limita-se ao apelido.

O governador também imita o padrinho na apologia do bangue-bangue. Em sua semana de estreia, a polícia promoveu a maior chacina já vista no estado. Ele descreveu a operação como o “fiel cumprimento” de mandados judiciais.

O feirão de cargos e os bilhões da venda da Cedae devem turbinar a campanha de Castro. Isso aumenta a responsabilidade das forças que se opõem ao bolsonarismo.

Lula se reuniu com dois pré-candidatos ao governo: Marcelo Freixo e Felipe Santa Cruz, o preferido do prefeito Eduardo Paes. Ainda falou por telefone com Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói. Se não conseguir montar um palanque único, terá a missão de unir o trio no segundo turno.

Antes de sair em campanha, o ex-presidente poderia ensaiar um mea-culpa. Em 2010, ele disse que os eleitores do Rio tinham uma “obrigação moral e ética” de votar em Sérgio Cabral.

As escolhas do DEM

O DEM mantém em seus quadros o senador Chico Rodrigues, flagrado com dinheiro “entre as nádegas”. Na segunda-feira, expulsou o deputado Rodrigo Maia, que se desentendeu com a cúpula partidária.

 

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