- O Globo
Enquanto o capitão desfilava de moto em São
Paulo, Lula veio ao Rio em busca de alianças. Durante quatro dias, o
ex-presidente se reuniu com políticos da esquerda à centro-direita. Nas
conversas, defendeu uma frente ampla para enfrentar o bolsonarismo em seu berço
eleitoral.
O Rio será decisivo para a oposição em
2022. Se dependesse só do estado, Jair Bolsonaro teria sido eleito no primeiro
turno em 2018. O presidente recebeu quase 60% dos votos válidos. O petista
Fernando Haddad teve 15% e ficou em terceiro lugar, atrás de Ciro Gomes.
O bolsonarismo ainda emplacou o farsante
Wilson Witzel, que desmoronou em menos de dois anos. Agora o clã tentará
reeleger Cláudio Castro, o ex-vice do ex-juiz. O governador é uma velha
novidade: além de bajular o capitão, aninhou-se com as famílias Garotinho e
Picciani.
Castro loteou o governo entre personagens do submundo fluminense. O secretário de Educação, corretor de seguros, já admitiu que não é da área. O secretário de Transportes, dito empresário, atende pela alcunha de Juninho do Pneu. Como escreveu o colunista Ancelmo Gois, seu conhecimento do setor limita-se ao apelido.
O governador também imita o padrinho na
apologia do bangue-bangue. Em sua semana de estreia, a polícia promoveu a maior
chacina já vista no estado. Ele descreveu a operação como o “fiel cumprimento”
de mandados judiciais.
O feirão de cargos e os bilhões da venda da
Cedae devem turbinar a campanha de Castro. Isso aumenta a responsabilidade das
forças que se opõem ao bolsonarismo.
Lula se reuniu com dois pré-candidatos ao
governo: Marcelo Freixo e Felipe Santa Cruz, o preferido do prefeito Eduardo
Paes. Ainda falou por telefone com Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói. Se
não conseguir montar um palanque único, terá a missão de unir o trio no segundo
turno.
Antes de sair em campanha, o ex-presidente
poderia ensaiar um mea-culpa. Em 2010, ele disse que os eleitores do Rio tinham
uma “obrigação moral e ética” de votar em Sérgio Cabral.
As escolhas do DEM
O DEM mantém em seus quadros o senador
Chico Rodrigues, flagrado com dinheiro “entre as nádegas”. Na segunda-feira,
expulsou o deputado Rodrigo Maia, que se desentendeu com a cúpula partidária.
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