quinta-feira, 10 de junho de 2021

Ricardo Noblat - A lição militar de respeito à democracia que vem dos Andes

- Blog do Noblat / Metrópoles

Ministério da Defesa do Peru pede respeito à vontade cidadã que se expressou nas urnas e reafirma a neutralidade das Forças Armadas

E depois do terceiro dia de apuração dos votos para presidente da República do Peru, em face de uma disputa apertada entre a conservadora Keiko Fujimore e o professor rural esquerdista Pedro Castillo, os militares daquele país resolveram falar por meio de uma nota oficial do Ministério da Defesa.

O que disseram deveria envergonhar seus colegas brasileiros de farda, incapazes de resistir às pressões de um ex-capitão que no passado afastaram dos seus quadros por má conduta ética, mas que agora apoiam não só para que governe, mas para que tente se reeleger nas eleições do ano que vem.

A nota do Ministério da Defesa do Peru tem cinco parágrafos. Os quatro principais:

 “A Constituição estabelece que a finalidade primordial das Forças Armadas é garantir a independência, a soberania e a integridade territorial da República. As Forças Armadas estão subordinadas ao poder constitucional. Qualquer chamado a que não se cumpra esse encargo é impróprio numa democracia”;

“As Forças Armadas reiteram seu compromisso com a Constituição, a democracia e o princípio da neutralidade. Reafirmam o compromisso de respeitar a vontade cidadã expressa nas urnas no último dia 6”.

“Exortamos os peruanos a respeitar os resultados do processo eleitoral e trabalhar unidos para fortalecer a democracia e impulsionar o desenvolvimento do país”.

“Por fim, advertimos que emblemas e quaisquer outras formas de identidade institucional do Comando Conjunto das Forças Armadas, Exército, Marinha e Força Aérea não podem ser usados por pessoas naturais ou jurídicas, públicas ou privadas. O desrespeito a isso pode resultar em ações legais”.

Com 99% dos votos apurados até o início desta madrugada, Castillo estava à frente com 50,20% contra 49,79% de Fujimore, uma diferença de pouco menos de 80 mil votos. Ele já se declarou eleito. Ela pediu à justiça eleitoral a recontagem de 500 mil votos, alegando que houve fraude. O pedido ainda não foi aceito.

Observadores internacionais que fiscalizaram a eleição disseram que não houve fraude.

Nenhum comentário: