- Folha de S. Paulo
Presidente bateu recorde com invencionices
sobre vacina, mortes, cloroquina e eleições
Jair Bolsonaro bateu mais um recorde
pessoal. Em 19 minutos de pregação num culto religioso, ele despejou
informações falsas sobre a segurança das eleições, os efeitos da cloroquina, a
eficácia de vacinas e o
número de vítimas da Covid-19. O presidente armou uma ciranda de mentiras
para limpar a própria barra, escapar de punições e se reeleger.
A prioridade de Bolsonaro é fraudar a
história da pandemia. No início da semana, ele foi ao cercadinho do Palácio da
Alvorada e disse que metade das mortes por Covid-19 registradas no país não
foram provocadas pela doença. Para lustrar a balela, o presidente disse que a
conclusão era do Tribunal de Contas da União.
O episódio é um retrato acabado da máquina bolsonarista de invencionices. O TCU disse que nunca havia feito aquela constatação. Logo depois, soube-se que a tese malfeita havia sido incluída por um auditor no sistema do tribunal horas antes da declaração do presidente. O tal funcionário seria filho de um militar que é amigo de Bolsonaro.
Como a mentira é sua principal arma política,
o presidente até admitiu o erro, mas continuou espalhando a lorota. Na
cerimônia evangélica de quarta-feira (9), ele disse que as
"possíveis fraudes" fazem com que o Brasil seja o país "com
menor número de mortos por milhão de habitantes por causa da Covid". E
atribuiu o milagre, é claro, à cloroquina.
Pela lógica de Bolsonaro, os brasileiros
sufocados sem oxigênio em Manaus estão vivos ou morreram de outras doenças. E
os médicos que emitiram laudos de centenas de milhares de mortes por Covid-19
são farsantes. Ele ainda investiu mais uma vez no aumento desses números ao
inventar que as vacinas não têm comprovação científica.
Bolsonaro ainda ressuscitou a acusação vazia de fraude na eleição de 2018 e repetiu a versão fantasiosa de que foi eleito no primeiro turno. Disse ter "provas materiais disso", mas não explicou por que nunca apresentou um farelo dessa evidência. O presidente dobrará a aposta na mentira enquanto permanecer impune.
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