Blog do Noblat / Metrópoles
Bolsonaro e os seus demônios
O que o Jair Bolsonaro de fato pensa, só
ele sabe. Os filhos podem até supor, os auxiliares de maior confiança apenas
imaginam a partir do que escutam dele. Dão mesmo assim o desconto de que ele
troca de ideias com espantosa frequência e caga para tudo.
Pela primeira vez no histórico de pesquisas
do Datafolha, formou-se maioria favorável à abertura de processo de impeachment
contra Bolsonaro – 54% a 42%. Em menos de seis meses, inverteu-se a situação
apurada na pesquisa da penúltima semana de janeiro.
Sobre a capacidade do presidente de liderar o país, 63% responderam que ela não existe. Não votariam de jeito nenhum nele na eleição do ano que vem, são 59% dos consultados. A rejeição a outros nomes testados não ultrapassou a casa dos 37%.
Se a eleição fosse hoje, Lula teria no primeiro
turno 21 pontos percentuais de votos a mais do que Bolsonaro. E no segundo
turno, 27 pontos percentuais a mais. Ele seria derrotado no segundo turno por
Ciro Gomes (PDT) e até mesmo por João Doria (PSDB).
Bolsonaro perderia entre os ricos, os remediados
e os pobres. Entre os que têm renda familiar mensal de até R$ 2.200 (57% do
eleitorado), 60% defendem o impeachment e 63% se recusam a votar nele. Perde
entre os homens e perde entre as mulheres.
Sim, mas, e daí? Para quem foi capaz de
negar a maior pandemia dos últimos 100 anos que só aqui já matou quase 533 mil
pessoas, e de acreditar em imunidade de rebanho e drogas milagrosas, negar
resultados de pesquisas é moleza. E Bolsonaro nega.
E não nega só para consumo externo dos seus
devotos. Nega porque não acredita em pesquisas que o contrariam, tanto mais se
divulgadas por veículos de comunicação comunistas. Tudo não passa de uma grande
conspiração para derrubá-lo antes da hora.
O presidente vive em um mundo à parte que o
faz acreditar sinceramente que o seu é o governo mais honesto da história. Se
lhe chega alguma denúncia de corrupção, pergunta a algum assessor se ela
procede, e se a resposta é negativa fica satisfeito.
Seus delírios podem ser delírios para os
outros, para ele são a realidade. Se ele diz que é preciso destruir o sistema
para depois construir um melhor é porque acredita de fato nisso. Não é
retórica, cálculo, esperteza. É a cabeça de um homem tresloucado.
Com ele, ao que tudo indica, o país será obrigado a conviver até o último dos seus dias como presidente da República. Tomara que com isso aprenda alguma coisa.
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