terça-feira, 10 de agosto de 2021

Ricardo Noblat - Bolsonaro tenta disfarçar sua fraqueza com exibição de força

Blog do Noblat / Metrópoles

E para isso conta com a ajuda de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados

No álbum de figurinha dos que no futuro serão cobrados pela força que deram para que Jair Bolsonaro se perpetuasse no poder, além de Paulo Guedes, ministro da Economia, e os generais Braga Neto, ministro da Defesa, e Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria da Presidência, haverá lugar de destaque para o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e um dos líderes do Centrão.

O mais insignificante dos seus gestos em socorro a Bolsonaro foi dizer, como o fez ontem, que Bolsonaro lhe garantiu que não tinha “o intuito” de usar um desfile militar fora de hora para amedrontar os deputados no dia da votação da proposta que restabelece a volta do voto impresso de triste memória de tantas fraudes. Não passou de “uma coincidência trágica”, minimizou Lira.

Que prova ofereceu para sustentar sua afirmação? A sugestão feita por Bolsonaro para que ele e os presidentes do Senado e do Supremo Tribunal Federal testemunhassem seu encontro, esta manhã, com os militares encarregados de convidá-lo para a cerimônia de encerramento de mais um treinamento das tropas da Marinha no município goiano de Formosa.

O cinismo de Lira bateu na trave quando ele propôs:

“Se os deputados quiserem e se a população achar que é conveniente, a gente pode adiar a votação porque quando discutimos esse assunto na semana passada, eu quero entender que esse movimento já estava programado.”

E, por fim, o cinismo entrou no gol e furou a rede quando ele disse que espera serenidade nas discussões sobre o voto impresso, arrematando:

“O que é importante nesse momento é que se procure ter serenidade e que não haja vencedores nem vencidos”.

Haverá vencedores e vencidos como ocorre em qualquer votação. Patrocinada por Bolsonaro, a proposta do voto impresso deverá ser derrotada – logo, o maior derrotado será ele. O desfile militar para a entrega de um convite é uma manobra para disfarçar a fraqueza de um presidente pintado para a guerra como se fosse um comandante de tropas invencível.

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