Folha de S. Paulo
Na votação do voto impresso, vamos
descobrir se o Congresso é tão desprezível quanto Bolsonaro
O presidente, nós já sabemos: é o pior da
história do Brasil. Na votação do voto impresso, vamos descobrir se o Congresso
é tão desprezível quanto Bolsonaro.
É cansativo elencar as mazelas pelas quais o regime é diretamente responsável: condução criminosa do combate à pandemia, destruição da educação, ciência, cultura e meio ambiente; suspeitas de corrupção nos ministérios, principalmente no da Saúde; apagão energético batendo à porta; 14,8 milhões de desempregados, sem contar os subempregados; carestia; famílias inteiras despejadas, vivendo na rua, com fome. Além do golpe em curso. Se é que já não vivemos dentro dele, com tanques e aeronaves desfilando em Brasília, e continuamos a maquiar a realidade chamando-a de crise institucional.
A discussão da bandeira bolsonarista contra
a urna
eletrônica é só um dos sintomas da doença insidiosa que se instalou na
sociedade brasileira. Um debate artificial criado para manter a base de
apoiadores motivada e que só existe em determinadas bolhas das redes sociais,
impulsionado por mentiras e longe das aspirações do país, e que mesmo assim o
presidente da Câmara resolveu levar ao plenário em troca da grana das emendas e
do fundão eleitoral e, claro, de mais cargos.
Com ares de estadista, Arthur
Lira escreveu no Twitter que passou o fim de semana lendo tratados
políticos de Aristóteles, Locke e Montesquieu, para melhor entender “o sistema
de freios e contrapesos que formam a separação entre os Poderes”. Mas não deu
um pio sobre os ataques e xingamentos de Bolsonaro —entre os quais um sonoro
“filho da puta” capaz de enrubescer a torcida do Flamengo na antiga geral— a
ministros do STF e TSE.
Que bom se Lira pudesse ler —mas ler com a
atenção dedicada aos clássicos, não de orelhada— o “Manual do Escoteiro Mirim”,
que ensina a fazer coisas práticas e, sobretudo, recomenda boas ações. A
abertura do processo de impeachment, por exemplo.
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