Folha de S. Paulo
Um apanhado parcial do que ele terá a
comemorar, capaz de lhe render 300 anos de cadeia
O Brasil de Jair Bolsonaro terá muito a
comemorar a sete de setembro: pobreza, corrupção, violência, crime organizado,
tráfico de drogas, racismo, homofobia, feminicídios, massacres de indígenas,
ocupação de terras demarcadas, desmatamento, queimadas, destruição da natureza,
desprezo pelo patrimônio histórico, políticos repulsivos, pastores evangélicos
idem e uma certeza geral de impunidade. Sim, são males seculares, endógenos, do
Brasil. Apenas, ultimamente, pioraram muito.
Mas há outros intransferíveis, exclusivos do governo Bolsonaro: negacionismo, 600 mil mortes pela pandemia, absoluta falta de compaixão, estímulo ao contágio, sabotagem das medidas de prevenção, venda criminosa de remédios inócuos, falta de programa para o controle da doença e, ao contrário, campanha nacional contra a vacina e a máscara —seguida da descoberta de que a compra de vacinas poderia, quem diria, enriquecer aliados, empresários, políticos, atravessadores e coronéis. Isso só no quesito saúde.
Bolsonaro nos brindou com ainda mais
contribuições: prostituição das Forças Armadas, anarquia da PM, aparelhamento
da Justiça, desconfiança no processo eleitoral, afrontas ao STF, indústria de
fake news com dinheiro público, milícias digitais, súbito prestígio de boçais
profissionais (à paisana ou fardados, com ou sem chapéu de caubói), dissolução
da cultura, estrangulamento da educação (com a grave possibilidade do
fechamento de colégios e universidades), aviltamento do Itamaraty e
desmoralização internacional do Brasil.
Em consequência do abandono completo da
administração, temos colapso de investimentos, alta do dólar, inflação sem
controle, disparada dos juros, crise hídrica como se não existisse e benesses
bilionárias ao centrão. Isso é que é trair seus eleitores, não?
Claro que, para se safar de, com sorte, 300
anos de cadeia, só resta a Bolsonaro —e a seus filhos calculistas e perigosos—
o golpe.
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